São Paulo, sexta-feira, 08 de fevereiro de 2002

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Carnaval em outras praias


No Rio, a música eletrônica chegou de vez; no Recife, o feriado tem de hardcore a "manguefashion", com o Rec Beat


CLAUDIA ASSEF
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Em 2001, as palavras DJ, pick-ups, clube, afterhours e, principalmente, trance ganharam novo status no Rio de Janeiro.
É claro que antes disso já era possível sair para dançar música eletrônica na cidade. Mas 2001 marcou o sucesso de festas fixas -principalmente as de drum'n'bass e trance-, a abertura de espaços "da moda" para dançar e o trânsito intenso de DJs, principalmente os paulistas, pelos clubes cariocas.
"Faço festas de música eletrônica no Rio desde 93, mas no ano passado foi que a coisa se confirmou como um sucesso", diz o promoter Fábio Monteiro, idealizador da X Demente, a mais tradicional festa de música eletrônica mensal do Rio.
Monteiro foi o primeiro a fazer um Carnaval eletrônico no Rio. Em 93, alugou uma quadra de ensaio de uma escola de samba e, no lugar da bateria, colocou um DJ. "O Rio tem o cenário ideal. Só faltava música boa. Agora não falta mais", diz.
De olho no mercado emergente, Monteiro abriu em outubro o Cine Ideal, um antigo cinema no Centro convertido em clube. O lugar virou hype em pouco tempo.
Segundo ele, a música eletrônica demorou a pegar na cidade porque a galera só funciona no boca-a-boca. "No Rio é assim: as pessoas não saem de casa com o objetivo de ir a algum lugar específico ou para dançar determinado tipo de som. Elas vão aonde sabem que irão encontrar gente", avalia Monteiro.
Ao contrário do que acontecia anos atrás, hoje é possível encontrar festas de música eletrônica quase toda noite no Rio.
"Ainda não é uma maravilha, nem toda noite lota. O forte ainda são os fins de semana. Mas já é ótimo a casa funcionar de quarta a domingo", diz Cabbet Araújo, produtor de festas da Bunker 94, clube em Copacabana que abriu as portas há três anos, funcionando só às sextas e aos sábados.
Ali, mantêm residência os paulistanos Marky e Renato Cohen, o mineiro Anderson Noise, o carioca Maurício Lopes, entre outros. Invariavelmente, os DJs gringos que vão ao Rio tocam na Bunker. "Aqui, nossa preocupação principal é a música, são os DJs", diz Araújo. Hoje o clube tem festas fixas todas as noites, sinal de profissionalização.
O baiano Ramilson Maia, radicado em São Paulo, foi um dos DJs que frequentaram a ponte-aérea em 2001, para tocar no Rio. "A cena cresceu muito de um ano para cá. Tem o [grupo de DJs" B.U.M., que corre atrás, divulga muito. Está rolando muita coisa", diz Maia.
Foi no Rio de Janeiro que ele tocou para seu maior público até hoje, na virada de 2001. "Toquei na praia com o Marky, o Anderson Soares, o Xerxes... nunca toquei para tanta gente na vida. Segundo a polícia, tinha 2 milhões de pessoas. Ninguém fez cara feia, todo mundo dançou muito", lembra.

Trance
A exemplo do que aconteceu anos atrás em São Paulo, o trance é hoje no Rio a porta de entrada para novas tribos no universo da música eletrônica.
Seguidores do estilo, que mistura símbolos da cultura hipponga e música eletrônica mais melódica, não passam um fim de semana sem uma rave trance em algum sítio ou praia próxima da cidade.


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