São Paulo, sexta-feira, 08 de fevereiro de 2008

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Crítica

Rosto queimado nos conduz ao dualismo de Lang

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Estão em "Os Corruptos" (TCM, 0h10) algumas das imagens mais fortes que Fritz Lang criou em sua fase americana.
Na trama, Glenn Ford é um policial ressentido, que age em razão do assassinato de sua mulher. Só isso o move. Ele busca os responsáveis. Ele quer punir alguém, de todo modo.
Em sua busca, ele é levado pela insânia (tudo é complexo em Lang). Ele é levado ao bando do perverso Lee Marvin. Existe, é claro, a garota do gângster. Ela é Gloria Grahame. Ela sente-se atraída por Glenn, ou talvez pela dor que ele sente. Ela poderia chutar os gângsteres por conta disso. Mas aí eles lhe jogam café no rosto. Eles a desfiguram.
O que é uma bela mulher sem rosto? -não é uma pergunta sem sentido. Mas o ferimento que lhe ocupa metade da face nos conduz a essa dualidade tão freqüente em Lang: somos bons e maus, virtuosos e perversos, falsos e verdadeiros. Somos divididos. Assim também será o belo rosto da Grahame, ferido, aviltado -mas, depois de tudo, humano.


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