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Crítica
Rosto queimado nos conduz ao dualismo de Lang
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Estão em "Os Corruptos"
(TCM, 0h10) algumas das imagens mais fortes que Fritz Lang
criou em sua fase americana.
Na trama, Glenn Ford é um
policial ressentido, que age em
razão do assassinato de sua
mulher. Só isso o move. Ele
busca os responsáveis. Ele quer
punir alguém, de todo modo.
Em sua busca, ele é levado
pela insânia (tudo é complexo
em Lang). Ele é levado ao bando do perverso Lee Marvin.
Existe, é claro, a garota do
gângster. Ela é Gloria Grahame. Ela sente-se atraída por
Glenn, ou talvez pela dor que
ele sente. Ela poderia chutar os
gângsteres por conta disso.
Mas aí eles lhe jogam café no
rosto. Eles a desfiguram.
O que é uma bela mulher
sem rosto? -não é uma pergunta sem sentido. Mas o ferimento que lhe ocupa metade
da face nos conduz a essa dualidade tão freqüente em Lang:
somos bons e maus, virtuosos e
perversos, falsos e verdadeiros.
Somos divididos. Assim também será o belo rosto da Grahame, ferido, aviltado -mas,
depois de tudo, humano.
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