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Bio de Kiki em HQ chega ao Brasil
Premiada, obra em quadrinhos conta história da artista francesa dos anos 20, amiga dos surrealistas
DIOGO BERCITO
ENVIADO ESPECIAL A ANGOULÊME (FRANÇA)
"E como ficou a versão em
português?", a desenhista francesa Catel pergunta à Folha,
referindo-se à edição brasileira
do gibi "Kiki de Montparnasse", cujos traços ela assina. "Ah,
ainda não saiu...", completa,
quando é informada de que o
lançamento será em março.
A obra chega ao Brasil com
três anos de atraso em relação
ao mercado europeu, no qual
foi lançada em 2007 -e premiada no Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême, na França, em 2008. Na
ocasião, foi escolhido um dos
títulos essenciais da disputa.
"Kiki de Montparnasse" faz
parte da leva de gibis adultos
publicados no país pela editora
Record e narra a agitada biografia da artista francesa Alice
Prin, apelidada Kiki.
Modelo, cantora e pintora,
Kiki fez parte da vanguarda artística parisiense da década de
20, frequentando os mesmos
círculos sociais de surrealistas
como André Breton e Max
Ernst. No período, foi amante
de Man Ray, que a pintou em
seu célebre quadro "Le Violon
d'Ingres" (1924), em que ela
aparece de costas, com o corpo
semelhante a um violino.
De vida tumultuada, Kiki
rendeu material para uma HQ
extensa, de 416 páginas na edição brasileira (ainda sem preço
definido). O rascunho inicial
previa mais de 600 laudas.
"Li todos os livros que você
possa imaginar sobre o assunto!", explica o roteirista José-Louis Bocquet, parceiro da desenhista Catel nesse e em outros projetos. A pesquisa, diz,
ajudou na reconstituição de
época -que transparece em cenários bem construídos e figurinos convincentes.
Também chama a atenção no
desenho de Catel a evolução do
traço no decorrer da vida de Kiki. "Começa com um estilo
simplificado quando ela é pequena e vai ficando mais realista conforme ela cresce", explica
a artista -especializada em
quadrinhos juvenis, apesar de
"Kiki" ser um trabalho adulto.
Outra peculiaridade do trabalho de Catel é o enfoque em
heroínas reais, como sua próxima biografada, a feminista
Olympe de Gouges.
Reais porque mais interessantes, diz. "A realidade é
maior do que a ficção." E mulheres porque diz assim ser
mais fácil, dado que ela própria
é do sexo feminino.
"É por isso que há tantos heróis masculinos!", brinca, relacionando as HQs de heróis norte-americanos com a predominância de homens no mercado.
Do festival de Angoulême de
2010, apenas "La Guerre d'Alan" (Emmanuel Guibert) tem
lançamento previsto no Brasil.
KIKI DE MONTPARNASSE
Autores: Catel e José-Louis Bocquet
Editora: Record
Preço: a definir (416 págs.)
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