São Paulo, segunda-feira, 08 de fevereiro de 2010

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Bio de Kiki em HQ chega ao Brasil

Premiada, obra em quadrinhos conta história da artista francesa dos anos 20, amiga dos surrealistas

DIOGO BERCITO
ENVIADO ESPECIAL A ANGOULÊME (FRANÇA)

"E como ficou a versão em português?", a desenhista francesa Catel pergunta à Folha, referindo-se à edição brasileira do gibi "Kiki de Montparnasse", cujos traços ela assina. "Ah, ainda não saiu...", completa, quando é informada de que o lançamento será em março.
A obra chega ao Brasil com três anos de atraso em relação ao mercado europeu, no qual foi lançada em 2007 -e premiada no Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême, na França, em 2008. Na ocasião, foi escolhido um dos títulos essenciais da disputa.
"Kiki de Montparnasse" faz parte da leva de gibis adultos publicados no país pela editora Record e narra a agitada biografia da artista francesa Alice Prin, apelidada Kiki.
Modelo, cantora e pintora, Kiki fez parte da vanguarda artística parisiense da década de 20, frequentando os mesmos círculos sociais de surrealistas como André Breton e Max Ernst. No período, foi amante de Man Ray, que a pintou em seu célebre quadro "Le Violon d'Ingres" (1924), em que ela aparece de costas, com o corpo semelhante a um violino.
De vida tumultuada, Kiki rendeu material para uma HQ extensa, de 416 páginas na edição brasileira (ainda sem preço definido). O rascunho inicial previa mais de 600 laudas.
"Li todos os livros que você possa imaginar sobre o assunto!", explica o roteirista José-Louis Bocquet, parceiro da desenhista Catel nesse e em outros projetos. A pesquisa, diz, ajudou na reconstituição de época -que transparece em cenários bem construídos e figurinos convincentes.
Também chama a atenção no desenho de Catel a evolução do traço no decorrer da vida de Kiki. "Começa com um estilo simplificado quando ela é pequena e vai ficando mais realista conforme ela cresce", explica a artista -especializada em quadrinhos juvenis, apesar de "Kiki" ser um trabalho adulto.
Outra peculiaridade do trabalho de Catel é o enfoque em heroínas reais, como sua próxima biografada, a feminista Olympe de Gouges. Reais porque mais interessantes, diz. "A realidade é maior do que a ficção." E mulheres porque diz assim ser mais fácil, dado que ela própria é do sexo feminino.
"É por isso que há tantos heróis masculinos!", brinca, relacionando as HQs de heróis norte-americanos com a predominância de homens no mercado. Do festival de Angoulême de 2010, apenas "La Guerre d'Alan" (Emmanuel Guibert) tem lançamento previsto no Brasil.


KIKI DE MONTPARNASSE

Autores: Catel e José-Louis Bocquet
Editora: Record
Preço: a definir (416 págs.)




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