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MODA
Estilista inglês brinca de hippie e folk com ar peruano, ao som de Shakira
Galliano diverte com Machu Picchu de luxe para a Dior
ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL A PARIS
Na temporada em que o Planeta
Fashion quer provar que seu glamour e business continuam firmes e fortes, nenhum lugar melhor que Paris. Os desfiles do prêt-à-porter de inverno começaram
ontem pela manhã na cidade, que
recebe fashionistas de todo o
mundo com um nada chique congestionamento gigante: o Sena subiu e o nó no trânsito está pior do
que nunca. Nada que assistir ao
desfile da Dior, totalmente alto-astral, não faça esquecer.
Se é para ser hippie, se é para ser
folk, melhor ir direto na fonte
-parece ter pensado o estilista da
marca, John Galliano. Assim, ele
faz o inverno da Dior no melhor
estilo do étnico peruano, com direito a flautinhas e chapeuzinho
de lã bordado.
A referência não chega a ser nova na moda, mas aparece aqui desenvolvida com o otimismo e o
frescor do atual momento Galliano/Dior, com materiais de altíssima qualidade e o acabamento da
histórica casa francesa.
Galliano gosta de brincar e abre
o desfile ao som de Shakira, com
Gisele Bündchen (a espumante
estrela da atual campanha de verão) de vestidinho-t-shirt cor
marrom-tijolo, bordado de dourado, e cintão.
O clima Machu Picchu de luxe
dá o tom da coleção, e tudo vem
com botas de pele, de cano alto,
sem salto, bem literal.
As famosas bolsas em fomato de
sela ganham versões superaumentadas e alças largas, esportivas, cruzadas ao gosto do estilo
streetwear.
John Galliano de fato domina a
influência das ruas e continua
conseguindo imprimir um tom
urbano e, principalmente, jovem
à Dior de 2002/2003 (vale sempre
lembrar a trajetória histórica de
Christian Dior, que nos anos 50
era quem realmente decidia o que
deveriam usar as mulheres).
Nos dias de hoje, em que parte
da juventude não quer seguir a
moda, mas inventá-la sob o signo
da customização, não é pouca coisa um criador de prêt-à-porter sinalizar o caminho. A coleção da
Dior é perfeita tanto para a geração de mães (que remoçam) e para as filhas (finalmente elas têm à
disposição uma marca de luxo
que as compreende).
Na cabeça, moicanos multicoloridos feitos de fios vão com jeans e
calças de camurça marrom bordadas com espelhinhos. No território das saias -e elas são muitas- a brasileira Ana Beatriz Barros mostra uma versão de babadinhos, rodada, bem girlie, com
uma jaquetinha.
Não poderiam faltar muito
patchwork, nas tiras verticais das
saias pelo joelho, evasê, e também
o tricô de lã, em casacos de bolinhas típicos e na capa desenhada,
bem à moda dos nativos da cordilheira dos Andes.
Moedinhas douradas na saia estampada brincam de pobreza/riqueza, enquanto a rapper Pink
detona na trilha sonora que terminaria com Perla (no megahit
brega "Fernando", quem diria). É
a deixa para a entrada dos vestidos cortados no viés (a técnica
usada nos anos 30, recuperada
por Galliano, que virou uma de
suas marcas) e para os luxuosos
vestidos de renda pretos, usando
muito da transparência que volta
a acontecer nesta estação, com ou
sem as tiras de malha no quadril,
desenhando o corpo. Outro tema
recorrente, a bailarina, vem no
longo de renda rosa-pétala, um
sonho. Como de resto todo o universo da Dior.
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