São Paulo, sexta-feira, 08 de março de 2002

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MODA

Estilista inglês brinca de hippie e folk com ar peruano, ao som de Shakira

Galliano diverte com Machu Picchu de luxe para a Dior

ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL A PARIS

Na temporada em que o Planeta Fashion quer provar que seu glamour e business continuam firmes e fortes, nenhum lugar melhor que Paris. Os desfiles do prêt-à-porter de inverno começaram ontem pela manhã na cidade, que recebe fashionistas de todo o mundo com um nada chique congestionamento gigante: o Sena subiu e o nó no trânsito está pior do que nunca. Nada que assistir ao desfile da Dior, totalmente alto-astral, não faça esquecer.
Se é para ser hippie, se é para ser folk, melhor ir direto na fonte -parece ter pensado o estilista da marca, John Galliano. Assim, ele faz o inverno da Dior no melhor estilo do étnico peruano, com direito a flautinhas e chapeuzinho de lã bordado.
A referência não chega a ser nova na moda, mas aparece aqui desenvolvida com o otimismo e o frescor do atual momento Galliano/Dior, com materiais de altíssima qualidade e o acabamento da histórica casa francesa.
Galliano gosta de brincar e abre o desfile ao som de Shakira, com Gisele Bündchen (a espumante estrela da atual campanha de verão) de vestidinho-t-shirt cor marrom-tijolo, bordado de dourado, e cintão.
O clima Machu Picchu de luxe dá o tom da coleção, e tudo vem com botas de pele, de cano alto, sem salto, bem literal.
As famosas bolsas em fomato de sela ganham versões superaumentadas e alças largas, esportivas, cruzadas ao gosto do estilo streetwear.
John Galliano de fato domina a influência das ruas e continua conseguindo imprimir um tom urbano e, principalmente, jovem à Dior de 2002/2003 (vale sempre lembrar a trajetória histórica de Christian Dior, que nos anos 50 era quem realmente decidia o que deveriam usar as mulheres).
Nos dias de hoje, em que parte da juventude não quer seguir a moda, mas inventá-la sob o signo da customização, não é pouca coisa um criador de prêt-à-porter sinalizar o caminho. A coleção da Dior é perfeita tanto para a geração de mães (que remoçam) e para as filhas (finalmente elas têm à disposição uma marca de luxo que as compreende).
Na cabeça, moicanos multicoloridos feitos de fios vão com jeans e calças de camurça marrom bordadas com espelhinhos. No território das saias -e elas são muitas- a brasileira Ana Beatriz Barros mostra uma versão de babadinhos, rodada, bem girlie, com uma jaquetinha.
Não poderiam faltar muito patchwork, nas tiras verticais das saias pelo joelho, evasê, e também o tricô de lã, em casacos de bolinhas típicos e na capa desenhada, bem à moda dos nativos da cordilheira dos Andes.
Moedinhas douradas na saia estampada brincam de pobreza/riqueza, enquanto a rapper Pink detona na trilha sonora que terminaria com Perla (no megahit brega "Fernando", quem diria). É a deixa para a entrada dos vestidos cortados no viés (a técnica usada nos anos 30, recuperada por Galliano, que virou uma de suas marcas) e para os luxuosos vestidos de renda pretos, usando muito da transparência que volta a acontecer nesta estação, com ou sem as tiras de malha no quadril, desenhando o corpo. Outro tema recorrente, a bailarina, vem no longo de renda rosa-pétala, um sonho. Como de resto todo o universo da Dior.



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