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EVENTO
Cineasta alemã que dirigiu "Rosa Luxemburgo" vem ao CCBB de São Paulo acompanhar retrospectiva dos seus filmes
Von Trotta quer superar o cinema político
CHRISTIAN PETERMANN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A diretora alemã Margarethe
von Trotta aproveitará sua primeira visita a São Paulo, acompanhando, hoje, no Centro Cultural
Banco do Brasil, a abertura da retrospectiva completa e inédita de
seus trabalhos para cinema para
desfazer duas imagens que a mídia costuma associar à sua obra: a
de que ela é uma cineasta de caráter exclusivamente político e a de
que seu estilo é frio e distante.
Reconhecida pelos premiados
"Os Anos de Chumbo" (1981) e
"Rosa Luxemburgo" (1985), dois
clássicos do cinema político alemão, Von Trotta é rotulada de cineasta do engajamento. Em entrevista à Folha, ela diz que seus
temas vão além da estrutura política -exploram dimensões como
a existencial e a poética.
Seus filmes tratam, acima de tudo, da relação entre seres humanos, em especial entre mulheres
ativas e dominantes. São obras sobre a amizade em tempos de privação e provação. Sua filmografia
prova que, longe de ser fria, é sutilmente emocional. "Mas não é
sentimental. A complexidade dos
personagens está na intimidade
emocional", afirma ela.
Von Trotta considera-se honrada de ver uma mostra de sua obra
ser associada ao Dia Internacional
da Mulher. "Sempre fui feminista,
numa atitude intelectual. Mas
preciso dizer que não votei em
Angela Merkel para chanceler."
Expirações e inspirações
Nascida em Berlim em 1942,
Von Trotta casou-se com o diretor Volker Schlöndorff em 1971 e
com ele estreou na co-direção
quatro anos depois, com "A Honra Perdida de uma Mulher".
A partir de então, ela ergueu um
conjunto de obras caracterizado
por fortes personagens femininas
e a presença de algumas das melhores atrizes européias, como
Barbara Sukowa, Hanna Schygulla e Fanny Ardant. São títulos
que, segundo ela, "expiram e inspiram. Quando expiro, minha visão de mundo é externa e histórica. Quando inspiro, volto-me para a realidade pessoal".
Neste grupo, desconhecido do
espectador brasileiro, estão filmes
como "O Equilíbrio da Felicidade" (1979), "A Caminho da Loucura" (1982) e as co-produções
italianas "Medo e Amor" (1988) e
"O Retorno" (1990). Seu filme
mais recente, "As Mulheres de
Rosenstrasse" (2003), equilibra as
duas "respirações".
Ela concluiu recentemente "Ich
Bin die Andere" (eu sou a outra),
sobre múltipla personalidade, e
está escrevendo um roteiro sobre
a filósofa alemã Hannah Arendt.
Nota-se que seu amplo escrutínio da alma feminina permanecerá sem amarras. Sua curiosidade
ensinou-lhe a revelar as muitas
camadas da personalidade sem
alienar qualquer aspecto. É um
ato político dos mais sábios.
Retrospectiva Margarethe von Trotta
Quando: de hoje a 19/3. Hoje: "A Honra
Perdida de uma Mulher" (15h30); "As
Mulheres de Rosenstrasse" (17h30);
debate com a diretora (20h)
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r.
Álvares Penteado, 12, SP, tel. 0/xx/11/3113-3651); www.bb.com.br/cultura
Quanto: R$ 2 e R$ 4
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