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TELEVISÃO
"Escolinha" reserva um banquinho para o Tiririca
TELMO MARTINO
Colunista da Folha
As aulas da "Escolinha do Barulho" são diárias e agora até frequentáveis por quem prefere o seu
humor à maneira antiga. A escolinha tornou-se mais hospitaleira
desde que o catedrático Dedé Santana decidiu ou deixou que se optasse por um rodízio de professores no comando das aulas.
Entre os professores que já desfilaram pela cátedra, o que mostrou maiores qualidades para o
cargo foi, certamente, o professor
Miéle. Foi o que melhor compreendeu o espírito do programa.
Como bom mestre de cerimônias,
entendeu logo que tinha um show
para comandar e nunca uma pilha de apostilas a explicar. É até
louvável que lá do alto de sua cátedra ele tenha perdido os cacoetes de uma época e surgido inteiramente renovado. Isso não aconteceu com o professor Ronnie
Von. Sempre envolvido pelos cabelos aos tempos da Vandeca e de
quem mais se interessou em pertencer à jovem guarda.
Com o Ronnie Von, Miéle e, em
seguida, o Gil Gomes, os alunos
nunca se atreveram a um afastamento, mesmo que milimétrico,
do humor que, se não lhes deu a
glória, fixou pelo menos sua imagem. Lá está o Bertoldo Brecha de
sempre, deixando todos ávidos
por seu c'est fini. Nada mais revigorante que encontrar o José Vasconcelos sob o nome de Ruy Barbosa da Silva. Ainda ágil, mas
preferindo um humor de requintes vocais. Gago ou aos arrancos
ele dá seu recado.
Não se pode queixar dos maneirismos seculares do seu Zé Bonitinho. Ele chega até a ser engraçado. Mas o Cauby Peixoto pelo menos canta. E tem o Salim e o Judeu. O Salim com mais fôlego pôde falar da dentadura que comprou para a família de sete pessoas. Cada dia, uma usa. No sétimo dia, ele aluga. Há quem prefira o Patropi. "Nós viemos do
macaco." "Pode ser você, eu vim
de ônibus."
Há que se elogiar a orientação
machista na escolha do elenco feminino. Todas muito mais moças
e com corpinhos muito dispostos a
humilhar as fanfarronices do intrometido Paulo Cintura. A Marilyn Brasil é uma jóia. Odeia o
computador que ganhou porque
não passa novela. A E.T. é uma
aluna perfeita. Tem pouco para
dizer. E muitíssimo para mostrar.
Mas a favorita é a estudiosa.
Aquecida por uma nota 10, sempre se desfaz de uma peça do vestuário quando a resposta está certa. Pena que a escolinha seja religiosa. Nunca lhe fazem mais do
que duas perguntas. E quem explica o mistério Tiririca? Ele tinha
um espaço suntuoso nos luxos do
Faustão e apenas uma pergunta e
uma resposta no último banco barulhento dessa escola.
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