São Paulo, Segunda-feira, 08 de Março de 1999
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TELEVISÃO
"Escolinha" reserva um banquinho para o Tiririca

TELMO MARTINO
Colunista da Folha As aulas da "Escolinha do Barulho" são diárias e agora até frequentáveis por quem prefere o seu humor à maneira antiga. A escolinha tornou-se mais hospitaleira desde que o catedrático Dedé Santana decidiu ou deixou que se optasse por um rodízio de professores no comando das aulas.
Entre os professores que já desfilaram pela cátedra, o que mostrou maiores qualidades para o cargo foi, certamente, o professor Miéle. Foi o que melhor compreendeu o espírito do programa. Como bom mestre de cerimônias, entendeu logo que tinha um show para comandar e nunca uma pilha de apostilas a explicar. É até louvável que lá do alto de sua cátedra ele tenha perdido os cacoetes de uma época e surgido inteiramente renovado. Isso não aconteceu com o professor Ronnie Von. Sempre envolvido pelos cabelos aos tempos da Vandeca e de quem mais se interessou em pertencer à jovem guarda.
Com o Ronnie Von, Miéle e, em seguida, o Gil Gomes, os alunos nunca se atreveram a um afastamento, mesmo que milimétrico, do humor que, se não lhes deu a glória, fixou pelo menos sua imagem. Lá está o Bertoldo Brecha de sempre, deixando todos ávidos por seu c'est fini. Nada mais revigorante que encontrar o José Vasconcelos sob o nome de Ruy Barbosa da Silva. Ainda ágil, mas preferindo um humor de requintes vocais. Gago ou aos arrancos ele dá seu recado.
Não se pode queixar dos maneirismos seculares do seu Zé Bonitinho. Ele chega até a ser engraçado. Mas o Cauby Peixoto pelo menos canta. E tem o Salim e o Judeu. O Salim com mais fôlego pôde falar da dentadura que comprou para a família de sete pessoas. Cada dia, uma usa. No sétimo dia, ele aluga. Há quem prefira o Patropi. "Nós viemos do macaco." "Pode ser você, eu vim de ônibus."
Há que se elogiar a orientação machista na escolha do elenco feminino. Todas muito mais moças e com corpinhos muito dispostos a humilhar as fanfarronices do intrometido Paulo Cintura. A Marilyn Brasil é uma jóia. Odeia o computador que ganhou porque não passa novela. A E.T. é uma aluna perfeita. Tem pouco para dizer. E muitíssimo para mostrar. Mas a favorita é a estudiosa. Aquecida por uma nota 10, sempre se desfaz de uma peça do vestuário quando a resposta está certa. Pena que a escolinha seja religiosa. Nunca lhe fazem mais do que duas perguntas. E quem explica o mistério Tiririca? Ele tinha um espaço suntuoso nos luxos do Faustão e apenas uma pergunta e uma resposta no último banco barulhento dessa escola.


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