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`Bahia de Todos os Sambas' traz
1h40 de documento musical
da Reportagem Local
Para o diretor Paulo César Saraceni, ``Bahia de Todos os Sambas''
não é um documentário, mas sim
um documento musical. O filme
registra o festival realizado em
agosto de 1983, em Roma, dedicado à cultura baiana.
Patrocinado pela prefeitura da
cidade italiana e idealizado por
Gianni Amico, o festival reuniu
cerca de 150 músicos brasileiros,
capoeiristas e representantes do
candomblé, durante nove dias.
Estiveram lá Dorival Caymmi,
João Gilberto, Caetano Veloso, Gal
Costa, Moraes Moreira, o compositor Batatinha e o trio elétrico Dodô e Osmar, com Armandinho.
Os shows -e também ensaios,
conversas e passeios dos baianos
por Roma- foram registrados
por Saraceni e pelo cineasta Leon
Hiszman em 36 horas de imagens.
Entre elas, há um bate-papo entre Caetano Veloso e Dorival
Caymmi e imagens dos show de
João Gilberto.
Caetano Veloso aparece no típico figurino anos 80 -calças justíssimas de um lilás bem claro, com
camiseta verde limão picotada nos
ombros- cantando sucessos da
época, como ``Lua de São Jorge''.
A apoteose é a apresentação do
trio elétrico Dodô e Osmar para
uma praça Navona completamente lotada. ``Tinha que terminar em
Carnaval'', afirmou Saraceni.
A versão do filme que está sendo
exibida tem 1h40 de duração e foi
finalizada apenas por Saraceni 13
anos depois das filmagens.
O motivo para tal demora foram
problemas judiciais envolvendo os
negativos -que ficaram anos presos num laboratório na Itália-,
falta de patrocínio e as mortes de
Gianni Amico -italiano idealizador do festival e também de seu registro em filme- e Hirszman.
De acordo com Saraceni, Hirszman tinha intenção de realizar
mais filmagens em Salvador. Com
sua morte, a idéia foi abandonada
e a concepção de Saraceni para o
que ``Bahia de Todos os Sambas''
deveria ser acabou prevalecendo.
Essa concepção, segundo o diretor, se originou de uma frase do
compositor Batatinha. ``Parecem
as caravelas voltando para a Europa'', disse o músico.
O filme foi exibido nos festivais
de Veneza e Havana. Sua primeira
apresentação no Brasil aconteceu
em Salvador, onde ocorreu uma
pré-estréia para convidados na Casa do Comércio. Depois, entrou
em cartaz no Cinema do Museu.
(PATRICIA DECIA)
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