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DISCOS LANÇAMENTOS
Moura pratica lições do mestre Pixinguinha
SYLVIA COLOMBO
da Redação
Paulo Moura não era mais que
um jovem clarinetista formado em
bailes de gafieira que acompanhava orquestras de bailes quando conheceu Pixinguinha. A faceta alegre da obra do compositor que
Moura hoje perpetra vem da recordação daqueles serões.
"Pixinguinha tocava na noite
por brincadeira, e fazia, nos salões,
música dançante e alegre", disse
Moura em entrevista à Folha, por
telefone, de sua casa, no Rio.
O CD "Pixinguinha", em que
Paulo Moura e os Batutas percorrem o repertório popular do músico carioca Alfredo da Rocha Viana
Filho (1897-1973), foi gravado ao
vivo no teatro Carlos Gomes, no
Rio, em agosto do ano passado.
O disco, em homenagem ao centenário de Pixinguinha, comemorado neste ano, reúne o repertório
mais popular do músico. "É um
disco festivo, por isso não busquei
um repertório mais complexo."
Apesar de fiel aos registros,
Moura fez novos arranjos na estrutura tradicional de seus choros.
"O choro tradicional é previsível,
pois sua estrutura é muito rígida.
Tentei modernizar mudando o andamento e incrementando a percussão", diz. E complementa
achando que os puristas "vão
achar que isso não é choro, mas a
disposição melódica é a mesma".
Na verdade, a interpretação da
obra de Pixinguinha é muito flexível. O compositor trabalhava basicamente a melodia, pois escrevia a
partir da flauta. Os registros que
sobraram de sua obra não dão
conta de como deviam atuar os
instrumentos de acompanhamento e percussão, violão, cavaquinho
e pandeiro.
Para Moura, o principal legado
de Pixinguinha é a noção de variação musical. Seus choros, diferentemente do que o que se fazia em
sua época, eram compostos em
três partes (três temas melódicos).
"A transição de uma para outra
traduzia a sua genialidade, aliando
a rítmica a essas passagens com
muita técnica".
Moura diz que "Pixinguinha"
nasceu com a intenção de ser um
disco popular e lamenta o fato de
as rádios já não se interessarem
mais por música instrumental.
"As coisas eram mais fáceis naquele tempo, porque as rádios tocavam música instrumental". Pixinguinha foi um dos favorecidos
pela expansão e pela proliferação
das rádios nos anos 50.
Moura diz estar entrando numa
nova fase, em que deixa o jazz um
pouco de lado e se entrega à música brasileira. "Senti que estava me
afastando de uma música que adorava, e isso me entristecia."
Disco: Pixinguinha
Com: Paulo Moura e Os Batutas
Lançamento: Velas
Preço: R$ 20, em média
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