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Músico opta por leitura moderna
da Redação
O chorinho passou décadas engessado em sua própria estrutura
harmônica. Paulo Moura representa uma tendência de modernização que nasceu no final dos
anos 60 com Radamés Gnatalli
(1904-1988), com a Camerata Brasileira e, posteriormente, com o
violonista Raphael Rabello (morto em 1995).
Em "Pixinguinha" fica claro o
caminho encontrado por essa
frente para sua modernização.
O acompanhamento da percussão é um exemplo. No choro tradicional, era feito com o pandeiro.
Moura trouxe do pagode uma
tríade que enriquece a batida:
além do pandeiro, o tan-tan e o
repique.
Outro fator está na aceleração,
que dá mais vigor à interpretação.
Por fim, um revezamento amplo
de solistas, que se limitavam a
dois ou três instrumentos no choro clássico.
Moura prova que, apesar de sua
estrutura harmônica austera, o
choro pode ser flexionado, desde
que não atente contra a linha melódica e o contraponto (princípio
introduzido por Pixinguinha que
coloca uma linha melódica principal conversando verticalmente
com uma outra, mais grave).
Além das transformações conceituais, o trabalho de Moura
também faz a tentativa de devolvê-lo à linguagem popular. O choro, que nasceu nos salões de bailes
da elite carioca, na virada do século, foi às ruas encontrar os ritmos
populares e ajudou a criar o samba, mas voltou a um círculo fechado e até "academicista" de intérpretes. Com os arranjos alegres e
dançantes de Paulo Moura, o veio
popular está de volta.
(SC)
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