São Paulo, sábado, 08 de abril de 2000


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LIVRO/LANÇAMENTOS

Biografia esmiúça "outro lado" de Lancaster

FERNANDO MORGADO
especial para a Folha

Durante mais de 40 anos, Burt Lancaster foi um dos maiores astros de Hollywood. Uma carreira e uma vida de sucessos, contradições e duplicidade. De origem humilde, nunca teve educação formal, mas lia um livro por dia, adorava ópera, Brahms, Bach e Mozart.
Liberal dedicado aos direitos civis e aos humildes, odiado pela direita (estava na lista negra de Richard Nixon), era capaz de arremessar mulheres à distância em seus acessos de fúria; ateu confesso, recusou US$ 1 milhão para fazer o principal papel em "BenHur" por achar que o filme era ofensivo ao cristianismo; teria feito qualquer coisa para conseguir o papel de Don Corleone, em "O Poderoso Chefão"; modelo clássico do galã másculo e atlético, despertava paixões em mulheres e homens.
Casado três vezes, conquistou dezenas de mulheres e foi fiel à amante, Jackie Bone, durante anos. Era também homossexual e participou de orgias masculinas, uma delas com Rock Hudson.
Tudo isso e mais, muito mais, está em sua recém-lançada biografia. Um retrato minucioso e sem retoques é o que faz Kate Buford, em "Burt Lancaster - An American Life".
É a primeira biografia do ator a ter total colaboração de Susan Lancaster, sua terceira e última mulher, e também depoimentos de amigos íntimos, o que faz do livro, segundo a crítica americana, um dos melhores e mais fascinantes já escritos sobre um astro de Hollywood.
A autora esmiúça a carreira, a vida e o "outro lado" de Lancaster. Do nascimento, em 1913, num bairro "barra-pesada" de Nova York, até o fim, em 1994, quando um segundo e fulminante derrame finalmente o matou, depois que o primeiro, quatro anos antes, o deixara praticamente paralisado, "de corpo, mas não de mente", segundo Buford. Antes de se tornar o galã de 1,84m, consumado acrobata, capaz de fazer todas as cenas perigosas de seus filmes de aventura, Lancaster foi garoto franzino, tão pequeno, magro e indefeso que, brincando na região da rua 104, em Nova York, foi atropelado nada menos que oito vezes. Num dos acidentes, um táxi o lançou a dez metros de distância, o que lhe custou quase todos os dentes inferiores. Anos depois, já como galã de porte atlético e o amplo sorriso, foi promovido como "Mr. Músculos e Dentes".
Numa longa e bem-sucedida carreira, que durou 43 anos, com raros fracassos, Burton Stephen Lancaster, seu verdadeiro nome, fez 72 filmes: o primeiro, "Assassinos", em 46, o último, "O Campo dos Sonhos", em 89, além de minisséries de televisão. Foi quatro vezes indicado ao Oscar: por "A Um Passo da Eternidade" (a célebre cena do beijo em Deborah Kerr, na praia, causou comoção e escândalo, de acordo com o livro, porque ela estava "por cima" dele); por "Elmer Gantry", que lhe valeu o prêmio; por "O Homem de Alcatraz" e pelo bonito e sombrio "Atlantic City", quando foi derrotado por outro mito do cinema, Henry Fonda, que, como Lancaster, voltava à tela após longa ausência, em "Num Lago Dourado".


Avaliação:    


Livro: Burt Lancaster - An American Life
Autora: Kate Buford
Editora: Alfred Knopf
Quanto: US$ 27,50 (448 págs)
Onde encontrar: www.amazon.com




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