São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2004

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CINEMA

Filme propõe revisionismo duvidoso

TIAGO MATA MACHADO
CRÍTICO DA FOLHA

Tavernier toca em tema tabu: o período da ocupação nazista na França e o papel que a indústria cinematográfica nele desempenhou. Apesar de subvencionado e anexado pela máquina de propaganda hitlerista, o cinema francês viveu, durante a ocupação, uma "época de ouro".
Livre da concorrência de Hollywood, a "escola francesa" chegou à sua era clássica em lua-de-mel com o público. Mas ir ao cinema, naquela época, era, antes de tudo, para os franceses, uma maneira de se refugiar de uma realidade marcada pelo conformismo.
A própria indústria cinematográfica se encontrava rendida: se Tavernier toca, em "Passaporte para a Vida", em tema tabu, é porque o colaboracionismo ganhou contornos muitas vezes escandalosos no cotidiano dos profissionais de cinema.
"Passaporte para a Vida" é inspirado nas memórias do diretor Jean Devaivre e do roteirista Jean Aurenche e tenta demonstrar como estes, apesar de terem trabalhado para a Continental, extensão francesa da indústria cinematográfica alemã (a UFA), mantiveram intacta a sua honra.
Em seu revisionismo duvidoso, Tavernier transforma funcionários da Continental e até mesmo do regime (colaboracionista) de Vichy em heróis da Resistência. O que Tavernier propõe, no fundo, é que esqueçamos a história.


Passaporte para a Vida
Laissez-Passer
  
Produção: França/Alemanha/Espanha, 2002
Direção: Bertrand Tavernier
Com: Jacques Gamblin, Denis Podalydes, Marie Gillain
Quando: a partir de amanhã nos cines Bristol e Top Cine



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