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Portugal quer biblioteca digital lusa
MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL
O diretor da Biblioteca Nacional
de Portugal, Jorge Couto, está
propondo a criação de uma biblioteca digital da língua portuguesa que integre o acervo dos
países lusófonos. A instituição,
fundada em 1796, já está digitalizando seu acervo em parceria
com os homólogos europeus e
Couto quer "promover sinergias"
para que as instituições promovam a digitalização do acervo e,
como conseqüência, possibilitem
a troca de informações.
Ele esteve no Brasil a convite da
Biblioteca Mário de Andrade, onde ministrou palestra sobre o tema, e também acompanhou a
inauguração do Museu da Língua
Portuguesa.
A digitalização polariza a atenção de todas as grandes bibliotecas nacionais, especialmente na
Europa. Elas querem dar visibilidade e acesso às suas obras, mas
também proteger seus acervos. O
Google já firmou acordo com
grandes bibliotecas americanas e
com a biblioteca da Universidade
de Oxford (Reino Unido) para a
digitalizar o acervo. A empresa
pretendia também digitalizar em
larga escala edições contemporâneas de vários países, mas houve
reação de editoras e de autores,
que temiam perda dos direitos
autorais. Bibliotecas européias
também rechaçaram a iniciativa.
"Não fomos procurados pelo
Google pois já temos um programa no âmbito europeu", afirmou
Couto. Para se contrapor à empresa americana, a União Européia já havia interligado suas bibliotecas com acervos digitais,
numa iniciativa dos próprios países. O portal TEL (sigla em inglês
para "a biblioteca européia"
(www.theeuropeanlibrary.org) reúne esse acervo digital.
Agora, a UE reagiu à "ameaça
Google" com mais determinação.
Aprovou a criação de uma biblioteca digital que reunirá todos os
países do bloco econômico. "A
iniciativa, recém-aprovada, visa
fazer frente à ação do Google, que
privilegia a língua inglesa. É hora
de nos unirmos em defesa da língua portuguesa", disse Couto.
Para que a iniciativa lusófona
prospere o Brasil tem um papel
"fundamental", na opinião de
Couto. O projeto deve ser fomentado pela Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa. "Deve ser
um projeto multimídia, que busque combinar a mesma plataforma tecnológica", afirmou.
Segundo Couto, também será
fundamental a adesão da Biblioteca Nacional, do Rio -dirigida
atualmente por Muniz Sodré, que
substituiu Pedro Corrêa do Lago.
A Biblioteca Nacional portuguesa (www.bn.pt) avança rapidamente na digitalização de seu
acervo -mais de 6.000 títulos já
estão totalmente digitalizados e
disponíveis a qualquer um. No
endereço purl.pt/1000, por exemplo, é possível encontrar os manuscritos de Alberto Caeiro, um
dos heterônimos de Fernando
Pessoa. "Cada autor ganhou um
número nessa digitalização", diz
Couto. O número 1 (purl.pt/1) é
para Camões, "naturalmente".
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