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Renato Braz persegue vozes
negras em seu CD de estréia
da Redação
Apresentando-se na noite desde
os 16 anos, só agora, aos 29, o cantor e violonista paulistano Renato
Braz chega ao CD de estréia, que
leva seu nome. De peculiar, traz
um timbre de voz que, embora saído de garganta branca, aproxima-se do modo negro de cantar de
Milton Nascimento e Djavan.
"Cresci ouvindo esses cantores,
e também Luiz Gonzaga, Dori
Caymmi, Tim Maia... Mas não
acho que minha voz seja parecida
com as deles", afirma.
Como seus prediletos, cita Elis
Regina, entre as mulheres, e Tim
Maia, entre os homens ("ele cantando `Arrastão' é maravilhoso");
entre os mais novos, Mônica Salmaso, que participa de seu CD.
Tem sido sempre autodidata.
"Além das apresentações em bares e casas de shows, nos
fins-de-semana, canto em casa
diariamente, desde os 16 anos."
Começou tocando bateria e logo
passou ao violão. Fez trabalhos em
publicidade ("mas sempre com
música") e tocou em discos de
Chico César, Eduardo Gudin, João
Ricardo (ex-Secos & Molhados) e
Vange Milliet.
Seu trabalho exposto até o momento é sempre o de intérprete e
instrumentista (faz quase toda a
percussão do disco). "Tenho algumas composições minhas, mas
não pensei em gravar ainda."
O disco de estréia é, assim, resultado de uma seleção de canções e
autores que ele vem fazendo desde
o início da carreira. "Tem um
pouco de tudo. O que me emociona, eu retenho e condenso."
Aqui, escolheu músicas conhecidas de Luiz Gonzaga ("Assum
Preto"), Dorival Caymmi ("Retirantes"), Silas de Oliveira ("Meu
Drama"), Jackson do Pandeiro
("Cantiga do Sapo"), Dori Caymmi ("Porto", "Estrela da Terra")
e até Chaplin ("Smile", na versão
em português de Braguinha).
Outra parte é de canções inéditas, de Guinga e Aldir Blanc ("7 X
7"), de Paulo César Pinheiro e
Mário Gil ("Anabela") e de compositores de sua geração já em ascensão, Chico César ("Pagã") e
Zeca Baleiro ("Bambayuque").
O elemento de conexão é, segundo ele, a simplicidade. "É a base
do meu trabalho. Essa é a minha
cara, a da tranquilidade", diz.
No saudosismo ele encontra a
outra pedra fundadora de sua obra
-seja pela seleção de temas antigos (como "Onde Está Você",
que Alaíde Costa gravou nos 60)
ou pelo arcabouço de arranjos e
instrumentos.
"É importante ser saudosista. O
novo não existe sem o passado",
afirma o artista, apresentado à
música pelos discos que o pai baiano, admirador de forró e sanfoneiros nordestinos, lhe apresentou.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
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