São Paulo, terça-feira, 08 de junho de 2004

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MÚSICA

Evento, que acontece em duas unidades do Sesc, terá workshops e concertos com obras de Stockhausen, entre outros

Bienal enquadra as tendências da eletroacústica

IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Em alta depois de seu "labORAtorio" ter sido executado em janeiro, no Teatro Municipal, sob regência de Jamil Maluf, o compositor paulistano Flo Menezes, 41, dirige, até dia 13, a 5.ª Bienal Internacional de Música Eletroacústica de São Paulo (Bimesp).
"A Bimesp estrutura-se em concertos-painel enfocando as diversas tendências da música eletroacústica desde seu nascimento, em 1948", explica o compositor.
"Essas tendências são: a música "puramente" eletroacústica, a ser difundida exclusivamente por alto-falantes; a música eletroacústica mista em tempo diferido, na qual há interação entre sons eletrônicos previamente realizados em estúdio e execução instrumental/vocal ao vivo; e a música eletroacústica mista em tempo real, na qual a interação entre músicos ao vivo e recursos eletroacústicos ocorre por transformações dos sons dos instrumentos ao vivo pelos aparelhos."
Com apoio da Fapesp, o evento compreende concertos e workshops realizados nas unidades Ipiranga e Vila Mariana do Sesc. Criações de alguns dos autores mais importantes do século 20, como os alemães Herbert Eimert (1897-1972) e Karlheinz Stockhausen, 75, e os italianos Luciano Berio (1925-2003) e Bruno Maderna (1920-73), fazem parte dos programas dos concertos, nos chamados "painéis históricos".
A produção mais recente também se faz presente, com as peças criadas no âmbito do Studio PANaroma/Unesp e obras que se destacaram no 5º Concurso Internacional de Música Eletroacústica de São Paulo, o Cimesp, de 2003.
Além disso, o próprio Menezes lança, pela Ateliê Editorial, dia 11/6, no Sesc Ipiranga, o livro "A Acústica Musical em Palavras e Sons". Na mesma data, o compositor realiza a estréia brasileira de sua obra "Pulsares".
Amanhã, no Sesc Ipiranga, ele ministra ainda um workshop sobre o Puts (fusão dos nomes PANaroma/Unesp com Teatro Sonoro), que ele apresenta como a "primeira orquestra de alto-falantes do Brasil, de altíssima qualidade, com 16 caixas acústicas a serem dispostas em pontos distintos do espaço, mesas de som digitais, computadores, gravadores digitais, microfones, periféricos".
"O Puts é fruto de uma constatação ao longo desses anos: era sempre obrigado a me submeter às condições técnicas dos teatros nos quais realizava algum evento eletroacústico, sendo que nenhum deles tinha à disposição um arsenal tecnológico de mínima qualidade com o qual poderia difundir de forma profissional as obras do gênero", diz.
Menezes vê a confusão terminológica entre a "música eletrônica" que se ouve na Bimesp e a eletrônica das pistas de dança como "fruto de uma triste ignorância por parte daqueles que praticam a música popular mercadológica, profundamente lamentável".
"A música eletrônica histórica, tal como surgiu em 1949 por oposição e ao mesmo tempo complementaridade à música concreta de 1948, dentro do que mais tarde se designou, genericamente, música eletroacústica, nada tem a ver com o que tem recebido, recentemente, a designação de "música eletrônica'", afirma. "Esperemos que este não seja usurpado tanto quanto o outro para uma música de tão baixa qualidade artística e que nenhuma relação mantém com o legado histórico da composição, reivindicado pela música eletroacústica."


5ª BIENAL INTERNACIONAL DE MÚSICA ELETROACÚSTICA DE SÃO PAULO. Abertura: hoje, às 19h. Onde: Sesc Ipiranga (r. Bom Pastor, 822, SP, tel. 0/xx/11/3340-2000). Quanto: R$ 8.


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