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MÚSICA
Evento, que acontece em duas unidades do Sesc, terá workshops e concertos com obras de Stockhausen, entre outros
Bienal enquadra as tendências da eletroacústica
IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Em alta depois de seu "labORAtorio" ter sido executado em janeiro, no Teatro Municipal, sob
regência de Jamil Maluf, o compositor paulistano Flo Menezes,
41, dirige, até dia 13, a 5.ª Bienal
Internacional de Música Eletroacústica de São Paulo (Bimesp).
"A Bimesp estrutura-se em concertos-painel enfocando as diversas tendências da música eletroacústica desde seu nascimento, em
1948", explica o compositor.
"Essas tendências são: a música
"puramente" eletroacústica, a ser
difundida exclusivamente por alto-falantes; a música eletroacústica mista em tempo diferido, na
qual há interação entre sons eletrônicos previamente realizados
em estúdio e execução instrumental/vocal ao vivo; e a música
eletroacústica mista em tempo
real, na qual a interação entre músicos ao vivo e recursos eletroacústicos ocorre por transformações dos sons dos instrumentos
ao vivo pelos aparelhos."
Com apoio da Fapesp, o evento
compreende concertos e workshops realizados nas unidades Ipiranga e Vila Mariana do Sesc.
Criações de alguns dos autores
mais importantes do século 20,
como os alemães Herbert Eimert
(1897-1972) e Karlheinz Stockhausen, 75, e os italianos Luciano Berio (1925-2003) e Bruno Maderna (1920-73), fazem parte dos
programas dos concertos, nos
chamados "painéis históricos".
A produção mais recente também se faz presente, com as peças
criadas no âmbito do Studio PANaroma/Unesp e obras que se
destacaram no 5º Concurso Internacional de Música Eletroacústica
de São Paulo, o Cimesp, de 2003.
Além disso, o próprio Menezes
lança, pela Ateliê Editorial, dia
11/6, no Sesc Ipiranga, o livro "A
Acústica Musical em Palavras e
Sons". Na mesma data, o compositor realiza a estréia brasileira de
sua obra "Pulsares".
Amanhã, no Sesc Ipiranga, ele
ministra ainda um workshop sobre o Puts (fusão dos nomes PANaroma/Unesp com Teatro Sonoro), que ele apresenta como a
"primeira orquestra de alto-falantes do Brasil, de altíssima qualidade, com 16 caixas acústicas a serem dispostas em pontos distintos do espaço, mesas de som digitais, computadores, gravadores
digitais, microfones, periféricos".
"O Puts é fruto de uma constatação ao longo desses anos: era
sempre obrigado a me submeter
às condições técnicas dos teatros
nos quais realizava algum evento
eletroacústico, sendo que nenhum deles tinha à disposição um
arsenal tecnológico de mínima
qualidade com o qual poderia difundir de forma profissional as
obras do gênero", diz.
Menezes vê a confusão terminológica entre a "música eletrônica"
que se ouve na Bimesp e a eletrônica das pistas de dança como
"fruto de uma triste ignorância
por parte daqueles que praticam a
música popular mercadológica,
profundamente lamentável".
"A música eletrônica histórica,
tal como surgiu em 1949 por oposição e ao mesmo tempo complementaridade à música concreta
de 1948, dentro do que mais tarde
se designou, genericamente, música eletroacústica, nada tem a ver
com o que tem recebido, recentemente, a designação de "música
eletrônica'", afirma. "Esperemos
que este não seja usurpado tanto
quanto o outro para uma música
de tão baixa qualidade artística e
que nenhuma relação mantém
com o legado histórico da composição, reivindicado pela música
eletroacústica."
5ª BIENAL INTERNACIONAL DE
MÚSICA ELETROACÚSTICA DE SÃO
PAULO. Abertura: hoje, às 19h. Onde:
Sesc Ipiranga (r. Bom Pastor, 822, SP, tel.
0/xx/11/3340-2000). Quanto: R$ 8.
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