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Editores contestam patrocínio da FBN à Flip
DA SUCURSAL DO RIO
A segunda edição da Flip (Festa
Literária Internacional de Parati)
só acontecerá em julho, mas já é
palco de uma polêmica que envolve Pedro Corrêa do Lago. A
Fundação Biblioteca Nacional será uma das patrocinadores do
evento, com R$ 300 mil, e está
convidando editores, agentes literários e jornalistas estrangeiros.
Tradicionalmente, a FBN financia o caminho inverso: leva brasileiros para feiras e salões internacionais do livro.
"Eram trens da alegria, estandes
nababescos, e o retorno era muito
pequeno", afirma Corrêa do Lago. "Trazendo um formador de
opinião para ficar cinco dias em
Parati, num evento sensacional, e
mais dois no Rio, ele nunca mais
vai se esquecer do Brasil."
A FBN levará para a Flip amostras traduzidas de livros nacionais
nunca lançados em pelo menos
uma de três línguas: inglês, francês e espanhol. Se uma editora estrangeira se interessar por um dos
títulos, o tradutor escolhido receberá da FBN uma bolsa de US$
3.000 (cerca de R$ 9.000).
Essa iniciativa é apoiada por
editores ouvidos pela Folha. Mas
o patrocínio revolta os que chamam a Flip de "uma festa da
Companhia das Letras". Luiz
Schwarcz, dono da editora, é um
dos responsáveis pela Flip, e na
primeira edição seus autores (e
seus recursos) predominaram.
"Certas pessoas precisam moderar o ciúme", critica Corrêa do
Lago. "E a Biblioteca só está patrocinando porque a festa ficou
mais ecumênica, com autores de
mais editoras", assegura.
A FBN estará presente na Feira
de Frankfurt, em outubro, e na
Bienal do Livro do Rio, em abril
de 2005, mas com menos recursos. Isto não agrada ao Snel, responsável pela Bienal.
"Acho que nada deve ser feito
em detrimento de outra coisa.
Não se pode pôr todos os ovos numa cesta. Devemos somar, porque a Flip e a Bienal são eventos
distintos", diz Paulo Rocco.
Outro ponto sensível é o desejo
de Corrêa do Lago de ver a FBN
editando cada vez mais livros, e
não só em parcerias com editoras
privadas. "A Biblioteca deve colaborar com a indústria editorial, e
não concorrer com ela", diz o ex-presidente Eduardo Portella.
Corrêa do Lago não vê problemas em buscar recursos por meio
da Lei Rouanet para editar obras
como "Guerra do Paraguai - Memórias & Imagens" e "Vik Muniz
- Obra Incompleta". "Se eu não fizesse esses livros, ninguém ia fazer. A Biblioteca deve tomar a iniciativa nas edições ligadas a seu
acervo, e não ficar esperando propostas", defende.
Também ao contrário de Portella, que não se envolvia na captação de recursos privados ("Não
sou um homem de negócios"),
Corrêa do Lago liga freqüentemente para empresários. A revista "Nossa História", por exemplo,
que tem vendido cerca de 50 mil
exemplares nas bancas, existe
graças a recursos do banqueiro
Aloísio Faria (ex-Real, hoje banco
Alfa).
(LFV)
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