São Paulo, domingo, 08 de junho de 2008

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Televisão/Crítica

Liberdade de "Hatari!" supre suas falhas

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

"Hatari!" (TCM, 22h) não podia ser senão um filme improvisado, pois, como dizia Howard Hawks, seu diretor e produtor, não se pode jamais saber o que fará um rinoceronte durante uma caçada. Portanto, a vida desses caçadores é feita de imprevistos e improvisos, como a dos cineastas, no caso.
Sabe-se que para Hawks o maior imprevisto na vida de um homem é uma mulher. Ela surge aqui na pele de Elza, a fotógrafa enviada pelo zoológico para o qual trabalham os caçadores. John Wayne, o líder deles, gostaria de vê-la à distância, mas não pode. Vai, é claro, apaixonar-se pela garota.
O filme tem uma estrutura moderníssima: uma série de cenas de caça, no meio das quais se desenvolve a história. Ou antes, um núcleo de eventos que pode até, por vezes, desembocar numa história. Mas a estrutura é deliberadamente frouxa, abre-se a todas as mudanças de roteiro possíveis.
Melhor, porque assim um filme que em vários aspectos foi pensado para se parecer com outros filmes de Hawks não se parece com nenhum, nem com "Rio Vermelho", nem com "Uma Garota em Cada Porto". Essa liberdade foi permitindo captar as coisas à medida que aconteciam. E suprimir o que falhava, como Michèle Girardon, atriz que faz Brandy.
Há quem diga que o papel murchou porque ela não deu bola ao assédio do diretor. O tempo provou que, à parte disso, Girardon era uma atriz fraca. (INÁCIO ARAUJO)


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