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Vídeo atua em várias áreas
especial para a Folha
"Pânico Sutil" se transfigura num evento que opera na
fronteira delimitada por moda,
vídeo, música e performance.
Da interface, da interferência
entre essas áreas, podem brotar idéias que dão pano para
mangas.
O projeto concebido pelo estilista Carlos Miéle parte de sua
coleção e desfile e busca o diálogo entre as esferas de trabalho da M. Officer, de Arthur
Omar, de Naná Vasconcelos,
de Cabelo.
A exploração da matéria concerta e auto-referente da imagem já foi vista em outras
obras de Omar.
A moda é o palco da encenação, do efêmero. A improvisação da invenção imprevista e
provisória. O teatro ritual, a
performance do corpo, o rito
de passagens estão presentes
na obra de Omar.
O gongo que abre e fecha
"Pânico" reforça os passos da
evolução ritual do corpo.
"Massaker!" segue a intervenção de Michael Jackson na
favela Santa Marta (operação
militar para coreografia mercantil de videoclipe).
"Vocês" exibe um guerrilheiro que metralha a pupila do
olho do espectador, fazendo da
tela a terra da "flicagem".
"A Última Sereia" -produzido pela M. Officer- navega por mitos imemoriais embalados em tecidos líquidos.
O barroco lírico e feroz de
Tunga é tema de "Nervo de
Prata", que persegue a performance circular de cobras e xifópagas no labirinto de conceitos sensoriais.
É interessante notar como o
caráter de fetiche é subvertido
nos dois vídeos realizados por
Omar para o estúdio. Da condição de "simulacro-mercadoria", transforma-se em puro feitiço artístico (sensual conhecimento da descoberta sutil).
"Antropologia da Face Gloriosa" flagra e congela as máscaras no rosto carnavalizado.
A textura fluida do vídeo parece encontrar um leito natural
na passarela da moda. É uma
espécie de aclimatação da idéia
de Bellour de "entre-imagens", passagens constantes e
instáveis no escambo de linguagens.
(CA)
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