|
Texto Anterior | Índice
Em manifestação em NY, o cantor acusa executivos de "conspirarem contra negros"; empresa acha ataque "risível"
Jackson chama gravadoras de "racistas"
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
O cantor norte-americano Michael Jackson acusou a indústria
fonográfica de conspirar contra
os artistas negros. O músico de 43
anos visitou anteontem as instalações da Rede Sharpton de Ação
Nacional, entidade liderada pelo
polêmico reverendo Al Sharpton
em Nova York.
"As gravadoras realmente conspiram contra os artistas, roubam,
trapaceiam, fazem o que for preciso, especialmente contra os artistas negros", disse o autor de
"Thriller", de 1982, ainda hoje o
disco de um artista individual
mais vendido na história, com 46
milhões de cópias.
No encontro, o principal ataque
desferido pelo rei do pop foi contra Tommy Mottola, executivo
branco de sua própria gravadora.
"Ele é mau, racista e demoníaco",
disse Jackson durante a visita ao
Harlem. A Sony lançou seu último álbum, "Invencible", que vendeu apenas 2 milhões de cópias
em 28 semanas nos EUA.
Para ter uma idéia, o último CD
de Eminem alcançou o mesmo
número em 14 dias. Jackson culpa
a falta de divulgação da gravadora
pelo fracasso, que teria custado
US$ 30 milhões para ser feito. A
empresa responde que destinou
US$ 25 milhões à publicidade,
"um número mais do que satisfatório para qualquer lançamento
de porte".
Pelo menos 350 fãs se reuniram
no bairro negro para tentar ver
um lampejo que fosse do indefectível astro pop, que fazia soar ao
microfone sua voz finíssima, saída de um rosto que é quase uma
máscara cabúqui de tão branco e
que tem uma pequena vírgula
prostética no lugar do nariz.
De lá, houve uma passeata contra a Sony até a sede da empresa,
no centro da cidade. O dia de
Jackson culminou com um evento num clube do East Village, no
sul de Manhattan. Antes de entrar
para a festa, o músico carregou
um cartaz que mandava Mottola
"de volta ao inferno".
Jackson se aliou recentemente a
Sharpton, polêmico ativista nova-iorquino retratado com maestria
no livro "A Fogueira das Vaidades", de Tom Wolfe. Aconselhado
por este e pelo advogado negro
Johnnie Cochran Jr., abraçou a
causa contra o racismo na indústria fonográfica e anunciou que
entrará com ação por discriminação em várias gravadoras.
A Sony divulgou ontem um comunicado em que classifica os comentários do artista de "risíveis,
rancorosos e nocivos". "Atacar
um executivo que patrocinou a
carreira do sr. Jackson parece particularmente bizarro e maldoso.
Estamos chocados de ver que ele
pode se rebaixar tanto em sua
busca por publicidade."
Texto Anterior: Exposição rejeita cenografia Índice
|