São Paulo, segunda-feira, 08 de julho de 2002

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Em manifestação em NY, o cantor acusa executivos de "conspirarem contra negros"; empresa acha ataque "risível"

Jackson chama gravadoras de "racistas"

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

O cantor norte-americano Michael Jackson acusou a indústria fonográfica de conspirar contra os artistas negros. O músico de 43 anos visitou anteontem as instalações da Rede Sharpton de Ação Nacional, entidade liderada pelo polêmico reverendo Al Sharpton em Nova York.
"As gravadoras realmente conspiram contra os artistas, roubam, trapaceiam, fazem o que for preciso, especialmente contra os artistas negros", disse o autor de "Thriller", de 1982, ainda hoje o disco de um artista individual mais vendido na história, com 46 milhões de cópias.
No encontro, o principal ataque desferido pelo rei do pop foi contra Tommy Mottola, executivo branco de sua própria gravadora. "Ele é mau, racista e demoníaco", disse Jackson durante a visita ao Harlem. A Sony lançou seu último álbum, "Invencible", que vendeu apenas 2 milhões de cópias em 28 semanas nos EUA.
Para ter uma idéia, o último CD de Eminem alcançou o mesmo número em 14 dias. Jackson culpa a falta de divulgação da gravadora pelo fracasso, que teria custado US$ 30 milhões para ser feito. A empresa responde que destinou US$ 25 milhões à publicidade, "um número mais do que satisfatório para qualquer lançamento de porte".
Pelo menos 350 fãs se reuniram no bairro negro para tentar ver um lampejo que fosse do indefectível astro pop, que fazia soar ao microfone sua voz finíssima, saída de um rosto que é quase uma máscara cabúqui de tão branco e que tem uma pequena vírgula prostética no lugar do nariz.
De lá, houve uma passeata contra a Sony até a sede da empresa, no centro da cidade. O dia de Jackson culminou com um evento num clube do East Village, no sul de Manhattan. Antes de entrar para a festa, o músico carregou um cartaz que mandava Mottola "de volta ao inferno".
Jackson se aliou recentemente a Sharpton, polêmico ativista nova-iorquino retratado com maestria no livro "A Fogueira das Vaidades", de Tom Wolfe. Aconselhado por este e pelo advogado negro Johnnie Cochran Jr., abraçou a causa contra o racismo na indústria fonográfica e anunciou que entrará com ação por discriminação em várias gravadoras.
A Sony divulgou ontem um comunicado em que classifica os comentários do artista de "risíveis, rancorosos e nocivos". "Atacar um executivo que patrocinou a carreira do sr. Jackson parece particularmente bizarro e maldoso. Estamos chocados de ver que ele pode se rebaixar tanto em sua busca por publicidade."



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