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Na casa do Gordo
Há 18 anos na Rede Globo, Fausto Silva afirma que "maior erro é não
mexer em time que está ganhando'
MARCELO BARTOLOMEI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Faltam três minutos para entrar no ar. Programa ao vivo,
como nos primórdios da televisão, é sinônimo de correria nos
bastidores.
Uma banda começa a tocar
hits para agitar a platéia de 450
pessoas que aguarda no Projac.
"Trinta segundos", soa uma voz
no estúdio F, dando o ultimato
para que entre no ar o "Domingão do Faustão", 954 programas e 18 anos na TV Globo,
apresentado pelo ex-radialista
Fausto Silva, 57, o verborrágico
Faustão, que mantém quase a
mesma rotina semanalmente,
de altos e baixos -o que define
como "desvios de rota".
Quando chegou à emissora,
egresso da Band -onde fazia o
boêmio "Perdidos na Noite"-,
teve a missão de levantar a audiência dominical. No meio do
caminho, apelou para baixarias
históricas como o Latininho e o
sushi erótico, episódios que ele
mesmo faz questão de lembrar
e, logo em seguida, refutar.
"É só fazer uma pesquisa na
história da TV para ver que não
dura. Nós erramos também,
mas, se o "Domingão" não tivesse seguido 99% o caminho do
popular de bom nível, o programa não teria a quantidade de
anunciantes que tem", decreta.
Água e café servidos por um
garçom no palco, camarim refrigerado e amigos que o acompanham desde o início da carreira na TV fazem daquele lugar uma espécie de casa, onde
ele conversa com os convidados e recebe livros, CDs e DVDs
de famosos ou aspirantes. "Isso
aqui é receita de mãe", diz, sobre a fórmula do programa.
Avesso a entrevistas, ele
falou com a Folha nos intervalos do "Domingão", na semana
passada, quando fez uma
análise de sua permanência
na emissora.
Sobre a concorrência e os
momentos de agonia do final
dos anos 90 e início de 2000,
quando perdia sucessivamente
para o SBT no Ibope, Faustão
recorre ao futebol. "São fases: o
esporte ensina que é preciso
ter a mesma tranqüilidade
quando você ganha de 5 a 0 ou
perde de 10 a 0. O maior erro é
dizer que não se mexe em time
que está ganhando. Esse tipo
de programa é um desafio: tem
que agradar a todo mundo, não
é segmentado."
"Eu sempre estou insatisfeito", comenta, ao explicar porque o "Domingão" procura, a
cada temporada, trazer um novo quadro. Exemplo disso é a
estréia, hoje, do "Circo do
Faustão", atração adaptada do
"Circo dos Famosos", formato
que, no mesmo estilo da "Dança dos Famosos" e da "Dança
no Gelo", coloca celebridades
para aprender artes circenses
em um exercício de supera-
ção pessoal.
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