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"Barbudinho" diz ter sorte com as mulheres
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Júlio Andrade decidiu ser
ator duas vezes. Ambas na adolescência e por causa de uma
mulher. Hoje, aos 30, em cartaz
no papel de Ciro, que conquista
a bela Marcela (Tainá Müller)
no filme "Cão sem Dono", Andrade nota certa "inveja" na
platéia masculina, ao ver "um
cara magrinho, barbudinho,
com uma gata maravilhosa".
A ele, porém, o sucesso de um
tipo como Ciro não surpreende. "Nunca me achei bonito,
mas sempre me dei bem com as
mulheres. Devo ter alguma coisa, mas não sou o mais apropriado para dizer o quê."
A atriz Lígia Troiano foi a primeira a ver um artista em Andrade, quando ele tinha 17
anos, usava cabelos na cintura e
liderava a amplamente desconhecida banda Impressão Digital. A convite dela, Andrade
atuou numa na peça infantil.
Um ano depois, o jovem "de
vida boêmia" trocou o palco pelo quartel. Problemas de adaptação à hierarquia militar Andrade não teve. Com o violão
debaixo do braço e irreverência
o bastante para transformar
em blues o hino da companhia,
ele conquistou a amizade de cabos, capitães e tenentes.
"A única coisa ruim era ter
que acordar cedo para a ordem
unida. Depois, andava o dia inteiro pelo quartel com um alicate na mão e não fazia nada."
Quer dizer, fazia planos, como o de seguir a carreira militar e ajuntar dinheiro -"Sargento ganhava bem, pô!", para
depois gastá-lo abrindo um bar.
Foi aí que Andrade reencontrou a atriz Rochele Sá, ex-colega de elenco da peça infantil.
Ela disse que "um artista" como ele não deveria abrir mão
da carreira, e Andrade se convenceu. Deixou o Exército, namorou Rochele e foi ser o Magro na dupla paródica de O Gordo e o Magro a animar o desfile
de convidados no tapete vermelho do Festival de Gramado.
Convivendo com o pessoal
do cinema, quis atuar para a câmera. E atuou, em curtas e longas gaúchos. Alternou os trabalhos em cinema e teatro com a
"festa-teatro" Bagasexta, para a
qual dirigiu vídeos como "Houve uma Vez uns Verão", piada
com o longa do "amigão" Jorge
Furtado "Houve uma Vez Dois
Verões" e o pornô "A B... Profunda de Dona Marlene".
Por "Cão sem Dono", Júlio
suspendeu todas as atividades e
encarou até a endoscopia de Ciro vista no longa. "Eu quis me
mostrar inteiro, por dentro e
do avesso também", diz.
Concluído o filme, o ator se
mudou para o Rio de Janeiro, e
foi viver "meio cão sem dono,
com a mochila nas costas".
Foi aprovado na Globo para
ser o Visconde de Sabugosa do
"Sítio do Picapau Amarelo".
Quando soube que o contrato
exigiria dedicação integral, recuou: "Amo esse personagem
de Monteiro Lobato, mas ser só
o sabugo de milho deu medo".
Agora, Andrade está de novo
de mochila pronta. Vai a Cuiabá, atuar no longa de Geraldo
Moraes "O Homem Mau Dorme Bem". Boa noite e boa sorte.
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