São Paulo, domingo, 08 de julho de 2007

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"Barbudinho" diz ter sorte com as mulheres

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Júlio Andrade decidiu ser ator duas vezes. Ambas na adolescência e por causa de uma mulher. Hoje, aos 30, em cartaz no papel de Ciro, que conquista a bela Marcela (Tainá Müller) no filme "Cão sem Dono", Andrade nota certa "inveja" na platéia masculina, ao ver "um cara magrinho, barbudinho, com uma gata maravilhosa".
A ele, porém, o sucesso de um tipo como Ciro não surpreende. "Nunca me achei bonito, mas sempre me dei bem com as mulheres. Devo ter alguma coisa, mas não sou o mais apropriado para dizer o quê."
A atriz Lígia Troiano foi a primeira a ver um artista em Andrade, quando ele tinha 17 anos, usava cabelos na cintura e liderava a amplamente desconhecida banda Impressão Digital. A convite dela, Andrade atuou numa na peça infantil.
Um ano depois, o jovem "de vida boêmia" trocou o palco pelo quartel. Problemas de adaptação à hierarquia militar Andrade não teve. Com o violão debaixo do braço e irreverência o bastante para transformar em blues o hino da companhia, ele conquistou a amizade de cabos, capitães e tenentes.
"A única coisa ruim era ter que acordar cedo para a ordem unida. Depois, andava o dia inteiro pelo quartel com um alicate na mão e não fazia nada."
Quer dizer, fazia planos, como o de seguir a carreira militar e ajuntar dinheiro -"Sargento ganhava bem, pô!", para depois gastá-lo abrindo um bar.
Foi aí que Andrade reencontrou a atriz Rochele Sá, ex-colega de elenco da peça infantil. Ela disse que "um artista" como ele não deveria abrir mão da carreira, e Andrade se convenceu. Deixou o Exército, namorou Rochele e foi ser o Magro na dupla paródica de O Gordo e o Magro a animar o desfile de convidados no tapete vermelho do Festival de Gramado.
Convivendo com o pessoal do cinema, quis atuar para a câmera. E atuou, em curtas e longas gaúchos. Alternou os trabalhos em cinema e teatro com a "festa-teatro" Bagasexta, para a qual dirigiu vídeos como "Houve uma Vez uns Verão", piada com o longa do "amigão" Jorge Furtado "Houve uma Vez Dois Verões" e o pornô "A B... Profunda de Dona Marlene".
Por "Cão sem Dono", Júlio suspendeu todas as atividades e encarou até a endoscopia de Ciro vista no longa. "Eu quis me mostrar inteiro, por dentro e do avesso também", diz.
Concluído o filme, o ator se mudou para o Rio de Janeiro, e foi viver "meio cão sem dono, com a mochila nas costas".
Foi aprovado na Globo para ser o Visconde de Sabugosa do "Sítio do Picapau Amarelo". Quando soube que o contrato exigiria dedicação integral, recuou: "Amo esse personagem de Monteiro Lobato, mas ser só o sabugo de milho deu medo".
Agora, Andrade está de novo de mochila pronta. Vai a Cuiabá, atuar no longa de Geraldo Moraes "O Homem Mau Dorme Bem". Boa noite e boa sorte.


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