São Paulo, quarta, 8 de julho de 1998

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CRISE NO "BRITPOP'
Brasil e Índia mercado emergente de discos

de Londres

A indústria internacional de discos não deve temer a saturação dos grandes e tradicionais mercados consumidores de música porque ainda tem muito o que explorar nos países emergentes.
A opinião é de Catrin Hughes, diretora de Comunicação da IFPI (sigla em inglês para Federação Internacional da Indústria Fonográfica), que representa 1,3 mil gravadoras em todo o mundo.
Hughes afirmou que mercados como o brasileiro e indiano, em especial, têm um potencial "massivo" de crescimento.
"Mesmo que estivesse havendo uma crise de vendas em países como os Estados Unidos, o que eu não acredito, acho que não há nenhuma razão para a indústria ficar pessimista", disse Hughes em entrevista à Folha.
O Brasil já é o sexto maior consumidor de discos do mundo. No ano passado, os brasileiros gastaram US$ 1,2 bilhão na compra de CDs, LPs e fitas cassetes.
Foi mais do que o dobro do que os italianos gastaram no mesmo período (US$ 593,29 milhões) e quase o triplo do consumo dos mexicanos (US$ 472,26 milhões).
O fato de que 70% do consumo no Brasil correspondeu à compra de música nacional não é, de acordo com Hughes, uma preocupação.
No ano passado, por exemplo, os discos de maior vendagem no país foram de Zezé de Camargo & Luciano, É o Tchan, Netinho, Só pra Contrariar e Titãs.
Esta semana, pesquisa do Nopem indica que, entre os dez CDs mais vendidos nas lojas de São Paulo, oito são nacionais.
As gravadoras dos principais artistas são mesmo multinacionais e, além disso, a tendência seria sinal de um mercado "maduro".

Pirataria

O que é, de fato, uma fonte de preocupação para a indústria do som no Brasil é, segundo Hughes, a pirataria.
Um levantamento feito pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica em 1996 mostrou que 45% do mercado fonográfico brasileiro é movimentado por vendas piratas, o que corresponde a US$ 200 milhões por ano.
Segundo Hughes, 95% de todo o mercado de fitas cassete no país é abastecido atualmente por produtos piratas.
Em 1996, isso correspondeu à venda de 60 milhões de fitas, dos quais 30 milhões vieram do Paraguai.
A pirataria de CDs foi estimada em 3,1 milhões de unidades, mas a indústria teme que esse número aumente, e venha a ameaçar a produção nacional.
Em novembro do ano passado, a IFPI fez sua reunião de diretoria no Brasil. Na ocasião, a organização entrou em contato com ministros de Estado para tentar chamar a atenção para o problema. (IV)


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