São Paulo, quarta, 8 de julho de 1998

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NETVOX
Um livro aberto

MARIA ERCILIA
do Universo Online

Nos idos de 94, a Web era uma cidade de interior, só que no mundo inteiro. Você encontrava pessoas de tudo quanto era lugar, mas eram sempre a mesma meia dúzia. No IRC eram os mesmos cinco ou seis brasileiros, no "What's New" do NCSA tinha uns poucos endereços por semana.
Eu já estava meio viciada na Internet, mas não tinha muito aonde ir.
Foi quando descobri o site de Justin Hall (www.links.net). Hoje muito manjado, Justin é um garoto que tem um diário na Web há anos. Fiquei doida. Que negócio era aquele, aquele cara aparentemente normal, contando toda a sua vida para estranhos! Tudo mesmo!
Comecei a ler a página, mais para tentar entender o que levava uma pessoa a fazer da sua vida um livro aberto de verdade. Narcisismo? Vaidade? Uma necessidade genuína de se expressar?
Não cheguei a uma conclusão, mas descobri que um bom diarista nunca fica sem leitores -comecei a ler a vida de Justin como quem segue uma novela.
Mais tarde encontrei outros diaristas, alguns muito chatos. Outros geniais. Alguns fazem um mix de confissões, fotos etc., outros, apenas anotações soltas. Entre estes, Carl Steadman se tornou um dos meus favoritos (www.freedonia.com/ºcarl). Julie Petersen (www.awaken.org) já cai num tecno-idealismo meio freak . Ela não faz diário, mas seu site é bem pessoal.
O tempo passou, a Web cresceu e raramente tenho tempo de ler os diaristas. Tinha a impressão de que eles eram um fenômeno do começo da Internet, que iam acabar sumindo.
Que nada. Na semana passada foi inaugurado um site só de diaristas, Metajournals (www.metajournals.com). Os diaristas não só não morreram, como estão organizadíssimos. O Metajournals reúne centenas de sites/diários, artigos sobre eles, coleções de sites.
Também fazem parte dos Metajournals alguns sites de ficção meio confessionais, como The Fray (www.fray.com) e AfterDinner (www.afterdinner.com). Eles são meio parentes dos diaristas, mas mais elaborados e bem-acabados.
Os diaristas da Web projetam sua identidade numa escala que seria inatingível de qualquer outra forma. Talvez respondam a um mundo cada vez menos dependente da localização geográfica -já não lhes basta ser reconhecidos onde vivem, querem "existir" para o resto do mundo.

DOUTORES DA ALEGRIA

Vale a pena conhecer o site dos Doutores da Alegria (www.doutores.org.br). Essa associação sem fins lucrativos promove diversão para crianças internadas em hospitais. O projeto começou nos EUA, mas já tem vários centros no Brasil (São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro), Alemanha e França.

Direct Net
Estão abertas as inscrições para o congresso/feira Direct Net, sobre Internet e Marketing Direto, da Abemd e da Puterman Consultores, nos dias 15 e 16 de setembro (www.directnet98.com.br)

5 OU 6 MILHÕES

As maiores pesquisas sobre mercado de PCs no Brasil, que acabam de ser divulgadas, são divergentes.
De acordo com a pesquisa anual feita pela Fenasoft, existem hoje 5 milhões de PCs no Brasil. A expectativa de crescimento em 97 era de 40%, mas ficou em 21%. A projeção para 98 é de venda de 2 milhões de PCs. Já segundo a pesquisa realizada por Fernando Meirelles, professor de economia da FGV, a venda de PCs cresceu 40% no ano passado, e há hoje no Brasil uma base instalada de 6 milhões. A projeção de Meirelles para vendas em 98 é também de 2 milhões.

UMA PERGUNTA PARA...

Nelson Pretto, professor de educação na Universidade Federal da Bahia (http://www.ufba.br/~pretto/), autor dos livros "Escola Sem/Com Futuro" e "Semeando Outras Terras"

Como a tecnologia pode contribuir para a educação?
Transformando-a totalmente. A grande questão que o mundo contemporâneo está nos colocando é justamente essa: a educação, do jeito que está, não consegue mais dar conta da formação dos cidadãos.
Essas novas tecnologias -e falo principalmente da interativas, destaque para a Internet- estão estruturando um nova forma de pensar.
Os velhos paradigmas da ordem que sempre sustentaram a escola estão sendo colocados em xeque, porque a meninada já chega à escola com uma outra cabeça.
E com essas tecnologias interativas, o que podemos (e devemos!) fazer é transformar cada professor e cada aluno em produto de conhecimento, valorizando a cultura local na sua interação com o planetário.
Como digo sempre, não precisamos de Internet nas escolas, mas sim das escolas NA Internet.
Com isso, nosso desafio será o de transformar cada escola, cada professor e cada criança em produtores de cultura e conhecimento.

E-mail: netvox@uol.com.br


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