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NETVOX
Um livro aberto
MARIA ERCILIA
do Universo Online
Nos idos de 94, a Web era
uma cidade de interior, só que
no mundo inteiro. Você encontrava pessoas de tudo quanto
era lugar, mas eram sempre a
mesma meia dúzia. No IRC
eram os mesmos cinco ou seis
brasileiros, no "What's New"
do NCSA tinha uns poucos endereços por semana.
Eu já estava meio viciada na
Internet, mas não tinha muito
aonde ir.
Foi quando descobri o site de
Justin Hall (www.links.net). Hoje muito manjado, Justin é um garoto que
tem um diário na Web há
anos. Fiquei doida. Que negócio era aquele, aquele cara
aparentemente normal, contando toda a sua vida para estranhos! Tudo mesmo!
Comecei a ler a página, mais
para tentar entender o que levava uma pessoa a fazer da
sua vida um livro aberto de
verdade. Narcisismo? Vaidade? Uma necessidade genuína
de se expressar?
Não cheguei a uma conclusão, mas descobri que um bom
diarista nunca fica sem leitores -comecei a ler a vida de
Justin como quem segue uma
novela.
Mais tarde encontrei outros
diaristas, alguns muito chatos.
Outros geniais. Alguns fazem
um mix de confissões, fotos
etc., outros, apenas anotações
soltas. Entre estes, Carl Steadman se tornou um dos meus
favoritos (www.freedonia.com/ºcarl). Julie Petersen
(www.awaken.org) já cai num
tecno-idealismo meio freak
. Ela não faz diário,
mas seu site é bem pessoal.
O tempo passou, a Web cresceu e raramente tenho tempo
de ler os diaristas. Tinha a impressão de que eles eram um
fenômeno do começo da Internet, que iam acabar sumindo.
Que nada. Na semana passada foi inaugurado um site só
de diaristas, Metajournals
(www.metajournals.com). Os
diaristas não só não morreram, como estão organizadíssimos. O Metajournals reúne
centenas de sites/diários, artigos sobre eles, coleções de sites.
Também fazem parte dos
Metajournals alguns sites de
ficção meio confessionais, como The Fray (www.fray.com) e
AfterDinner (www.afterdinner.com). Eles são meio parentes dos diaristas, mas mais elaborados e bem-acabados.
Os diaristas da Web projetam sua identidade numa escala que seria inatingível de
qualquer outra forma. Talvez
respondam a um mundo cada
vez menos dependente da localização geográfica -já não
lhes basta ser reconhecidos onde vivem, querem "existir" para o resto do mundo.
DOUTORES DA ALEGRIA
Vale a pena conhecer o site dos
Doutores da Alegria (www.doutores.org.br). Essa associação sem
fins lucrativos promove diversão
para crianças internadas em hospitais. O projeto começou nos
EUA, mas já tem vários centros no
Brasil (São Paulo, Campinas e Rio
de Janeiro), Alemanha e França.
Direct Net
Estão abertas as inscrições para o
congresso/feira Direct Net, sobre
Internet e Marketing Direto, da
Abemd e da Puterman Consultores, nos dias 15 e 16 de setembro
(www.directnet98.com.br)
5 OU 6 MILHÕES
As maiores pesquisas sobre mercado de PCs no Brasil, que acabam
de ser divulgadas, são divergentes.
De acordo com a pesquisa anual
feita pela Fenasoft, existem hoje 5
milhões de PCs no Brasil. A expectativa de crescimento em 97 era de
40%, mas ficou em 21%. A projeção para 98 é de venda de 2 milhões de PCs. Já segundo a pesquisa realizada por Fernando Meirelles, professor de economia da
FGV, a venda de PCs cresceu 40%
no ano passado, e há hoje no Brasil
uma base instalada de 6 milhões. A
projeção de Meirelles para vendas
em 98 é também de 2 milhões.
UMA PERGUNTA PARA...
Nelson Pretto, professor de educação na Universidade Federal da
Bahia (http://www.ufba.br/~pretto/), autor dos livros "Escola
Sem/Com Futuro" e "Semeando
Outras Terras"
Como a tecnologia pode contribuir para a educação?
Transformando-a totalmente. A
grande questão que o mundo contemporâneo está nos colocando é
justamente essa: a educação, do
jeito que está, não consegue mais
dar conta da formação dos cidadãos.
Essas novas tecnologias -e falo
principalmente da interativas,
destaque para a Internet- estão
estruturando um nova forma de
pensar.
Os velhos paradigmas da ordem
que sempre sustentaram a escola
estão sendo colocados em xeque,
porque a meninada já chega à escola com uma outra cabeça.
E com essas tecnologias interativas, o que podemos (e devemos!)
fazer é transformar cada professor
e cada aluno em produto de conhecimento, valorizando a cultura
local na sua interação com o planetário.
Como digo sempre, não precisamos de Internet nas escolas, mas
sim das escolas NA Internet.
Com isso, nosso desafio será o de
transformar cada escola, cada professor e cada criança em produtores de cultura e conhecimento.
E-mail: netvox@uol.com.br
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