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Na passarela da Forum, desfilam "garotas de Ipanema" como Camila Spinoza, com aplique no cabelo, calça de cós baixo e bustiê

ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha

Este verão promete mesmo. A Forum encheu os olhos do público com as meninas que todo mundo quer ver na rua. A marca fez um desfile irrepreensível no terceiro dia do MorumbiFashion Brasil, evento que terminou ontem em São Paulo, depois de mostrar as coleções de 17 confecções para a próxima estação.
A inspiração da coleção é a praia e a apresentação se deu em clima de calçadão, areia, mar. Uma projeção de oceano sobre o fundo da passarela dava a sensação de que as modelos realmente saíam da água; a iluminação as bronzeava (como a maquiagem de Fulvia Farolfi), ao mesmo tempo em que acompanhava o sol: manhã, tarde, noite, aqui refletindo sobre vestidos de grandes paetês negros lembrando o mar escuro, arrancando aplausos da platéia.
Ao som da sensual new bossa de Marina Lima, criada especialmente para o desfile, as meninas rebolavam languidamente em peças que remixavam o vocabulário dos verões brasileiros, em atitude Gucci vai a Ipanema. Estão lá as calças "cocotas", de cintura baixa; saias de couro com fenda tipo saída de banho; calças como se sobrepostas a tangas; vestidos com parte de trás de biquíni; a calça de couro com costura que faz o desenho dos maiôs asa-delta; a adorável idéia do scarpin salto 10 que já vem com correntinha dourada no tornozelo.
As estampas -muitas- evocam verões antigos e serão o hit da estação, bem como a incrível calça jeans com barrado em purpurina (quem não se lembra da Dijon da Garcia Dávila?), que em vermelho já sai com cara de cult entre fashionistas.
A noite vem em preto, claro, em vestidos classudos, recortados em crepe. Tudo pronto para patricinhas informadas conquistarem seus amores de verão.
A Zapping levou o povo da moda até o supermercado Pão de Açúcar de Moema para mostrar seu streetwear cada vez mais assumido em 113 não-modelos (mas, afinal, pode ou não fazer desfile fora do local oficial do evento, o pavilhão Manoel da Nóbrega?).
Ficou bacana a ambientação, bonitinho e tal. Mas a qualidade da roupa caiu. As soluções mais criativas são ainda revisões de coleções anteriores, como o camuflado e as pantalonas. De novo, são bons o registro de calções de surfistas e as simpáticas estampas de flores e de nuvens.
G fez duas sessões numa diminuta sala do Museu de Arte Moderna, o MAM. Ainda investe naquele modelo de apresentação duro, com as meninas entrando e parando meio robóticas e virando de vários lados num palquinho. Seria interessante ter visto mais movimento dos bonitos vestidos da estilista Gloria Coelho, que avança elementos de seu inverno amarrados habilmente.
Há a influência da realidade virtual (videogame, presente também na trilha; tecnologia; cores) e das formas de Balenciaga, por exemplo. O referencial infantil aparece aqui trabalhado com bom humor e alegria, em combinações de cores contrastantes (laranja, vermelho, azul). A saia balonê com t-shirt pink, fluo e salmão vira um bombom fashion.
Já o futurismo vem em tecidos tecnológicos, como no traje de pára-quedista com bolsos gigantes, no náilon e no tafetá e no astronauta de capuz cinza.
Dobraduras de tecido viram de novo textura, com cara de flores, aplicadas, e combinadas com recortes, evoluindo em camadas e volumes. Calças tipo ciclistas costuradas e repuxadas ganham em requinte. Ao final, a estampa chip de computador que tomou conta das t-shirts acendeu no escuro, com tom performático.


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