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Lourenço
cria poesia
abstrata
CESAR FASSINA
free-lance para Folha
O desejo de criar um universo
abstrato e contraditório faz da nova coleção de Reinaldo Lourenço
a dualidade entre o agressivo e o
poético. Entre o opaco e o brilho;
o leve e o pesado. O tema de partida foi o degradê, aparecendo nas
estampas tridimensionais e na beleza -com maquiagem azul nos
olhos, referência do melhor da
New Wave. Os cabelos eram
amassados e enfiados dentro das
golas, dando um ar displicente.
A mulher de Lourenço está
mais jovem, cheia de laços, nós,
franjas, golas de tecidos picotados
e aplicados. A sua alta-costura
inacabada ganhou navalhadas cirúrgicas, estratégicas fendas e decotes com sensualidade.
A estamparia é deslumbrante,
com inspiração em programação
de computador e em um maiô de
banho dos anos 60. A suavidade
das cores do amanhecer e do pôr-do-sol (rosa, amarelo, branco)
contrastavam com o roxo, cor de
destaque do desfile. O preciso
styling é da inglesa Julie Verhoeven.
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