São Paulo, quarta-feira, 08 de agosto de 2001

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NA CADÊNCIA DO DRUM'N'BASS

Meninos escolhem bem os molhos dessa massa

BRUNA MONTEIRO DE BARROS
DA REDAÇÃO

Bateria e baixo, é isso o drum'n'bass. A bateria de batidas quebradas, rápidas ou lentas, acompanhada do baixo, às vezes ensurdecedor, outras, discreto, detalhe. Mas drum'n'bass é também o molho, o acompanhamento dessa base. E é nesse ponto que as 23 produções brasileiras da primeira grande compilação do d'n'b nacional, "Espiritual Drum'n'Bass Vol. 1", se destacam.
O disco é homogêneo. Todos esses meninos estão realmente entusiasmados com o novo brinquedo e vão descobrindo novos timbres e novas combinações para acompanhar a eletrizante base bateria/baixo.
Os grandes destaques do disco ficam por conta da dupla mestra dessa cena: os DJs Marky e Patife.
Finalmente sai em disco a primeira composição de Marky. Não que precisasse compor, excepcional DJ que já é. Mas pressionaram o menino. Mas (que bom!) estamos falando de Marky. E a faixa "Tudo" não é uma música-obrigação, não é uma satisfação. É linda e coerente: o baixo/bateria impecável, com o molho de George Clinton, em uma guitarra que entra delicada e mescla-se ao d'n'b como se tivesse nascido para ele. Esse menino Marquinhos tem mesmo bons ouvidos. Foi uma bela sacada e uma composição sensível e simples, sem rodeios.
Já Patife molha seu d'n'b com um sopro jazzístico, com ares de gângsteres da época da lei seca americana. É limpo também. É pesado e animado.
E os meninos vão descobrindo os molhos: os irmãos do Drumagick brincam de trilha de ficção científica; Koloral faz soprar um vento em timbres que lembram os velhos pratos de bateria; DJ Andy aposta meio na bossa meio no groove; e vem "trotando" a velha percussão de Ramilson Maia em novas incursões; e Xerxes, como seu XRS Land, usa timbres tão delicados, meio orientais, em "TV Aquarium", e usa a voz de Fernanda Porto na "sambeada" "Caionagandaia". E DJ Will também é jazzy, com muitos sopros.
E fértil assim vai caminhando o drum'n'bass nacional, com várias faces, novos nomes e parcerias. O importante é que esses meninos -que vêm da periferia e são extremamente do bem, diga-se- entenderam o espírito d'n'b. E, apesar de utilizar, sim, alguns sons abrasileirados, essa turma sabe que música eletrônica é internacional, não-ufanista. E boa para mexer o corpo. Que o brinquedo não enjoe tão cedo!


Espiritual Drum'n'Bass    
Lançamento: Sambaloco/Trama
Quanto: R$ 30, em média



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