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NA CADÊNCIA DO DRUM'N'BASS
Meninos escolhem bem os molhos dessa massa
BRUNA MONTEIRO DE BARROS
DA REDAÇÃO
Bateria e baixo, é isso o
drum'n'bass. A bateria de batidas quebradas, rápidas ou lentas, acompanhada do baixo, às vezes ensurdecedor, outras, discreto, detalhe. Mas drum'n'bass é
também o molho, o acompanhamento dessa base. E é nesse ponto
que as 23 produções brasileiras da
primeira grande compilação do
d'n'b nacional, "Espiritual
Drum'n'Bass Vol. 1", se destacam.
O disco é homogêneo. Todos esses meninos estão realmente entusiasmados com o novo brinquedo e vão descobrindo novos
timbres e novas combinações para acompanhar a eletrizante base
bateria/baixo.
Os grandes destaques do disco
ficam por conta da dupla mestra
dessa cena: os DJs Marky e Patife.
Finalmente sai em disco a primeira composição de Marky. Não
que precisasse compor, excepcional DJ que já é. Mas pressionaram
o menino. Mas (que bom!) estamos falando de Marky. E a faixa
"Tudo" não é uma música-obrigação, não é uma satisfação. É linda e coerente: o baixo/bateria impecável, com o molho de George
Clinton, em uma guitarra que entra delicada e mescla-se ao d'n'b
como se tivesse nascido para ele.
Esse menino Marquinhos tem
mesmo bons ouvidos. Foi uma
bela sacada e uma composição
sensível e simples, sem rodeios.
Já Patife molha seu d'n'b com
um sopro jazzístico, com ares de
gângsteres da época da lei seca
americana. É limpo também. É
pesado e animado.
E os meninos vão descobrindo
os molhos: os irmãos do Drumagick brincam de trilha de ficção
científica; Koloral faz soprar um
vento em timbres que lembram
os velhos pratos de bateria; DJ
Andy aposta meio na bossa meio
no groove; e vem "trotando" a velha percussão de Ramilson Maia
em novas incursões; e Xerxes, como seu XRS Land, usa timbres tão
delicados, meio orientais, em "TV
Aquarium", e usa a voz de Fernanda Porto na "sambeada"
"Caionagandaia". E DJ Will também é jazzy, com muitos sopros.
E fértil assim vai caminhando o
drum'n'bass nacional, com várias
faces, novos nomes e parcerias. O
importante é que esses meninos
-que vêm da periferia e são extremamente do bem, diga-se-
entenderam o espírito d'n'b. E,
apesar de utilizar, sim, alguns
sons abrasileirados, essa turma
sabe que música eletrônica é internacional, não-ufanista. E boa
para mexer o corpo. Que o brinquedo não enjoe tão cedo!
Espiritual Drum'n'Bass
Lançamento: Sambaloco/Trama
Quanto: R$ 30, em média
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