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BEBA DO SAMBA
Paulinho da Viola diz que não quer que pensem como ele
"O que sinto não deve ser exemplo para nada"
DA REPORTAGEM LOCAL
"É uma coisa muito minha ter
essa sensação de que todas as coisas que eu vivi, experimentei, senti ou vi estão agora aqui comigo",
diz Paulinho da Viola, explicando
por que assegura não sentir saudades de nada, afirmação que tornou-se o ponto de partida do documentário sobre sua vida.
"A frase causou estranhamento,
já que a obra dele é muito voltada
para as coisas do passado, os mestres do passado", diz a diretora
Izabel Jaguaribe.
O músico ressalta que, embora
seja esse o principal foco do filme,
ele não pretende que seu modo de
encarar o ontem e o hoje pareça
exemplar.
"Não é algo que quero que sirva
de exemplo para nada nem para
ninguém ou que faça com que alguém pense da mesma maneira
que eu", afirma.
Jaguaribe procurou retratar (de
diversas maneiras) no documentário como "esse pensamento tem
um efeito interno na vida dele,
deixando-o fora da ansiedade dos
tempos modernos".
Há o hilário relato de Lila, mulher do compositor, de um diálogo do marido com um atendente
do serviço 102, de informações telefônicas. Paulinho da Viola não
pede um número específico, mas
sim explica por que o necessita.
O filme também promove encontros do sambista com intérpretes de várias gerações, desde
os decanos do samba até Marisa
Monte e Marina Lima, passando
por um pagode que reúne dezenas de artistas na casa de Zeca Pagodinho.
Por fim, os integrantes da Velha
Guarda da Portela resumem a
miscelânea temporal numa única
frase: "Ele é o nosso padrinho,
mas é quem nos pede a bênção".
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