DA REPORTAGEM LOCAL

Reescrito 15 vezes nos mais de 40 anos que levou para sair do papel, o roteiro de "Encarnação do Demônio" perdeu no caminho o trecho que revelava a causa da transformação de Josefel Zanatas no maligno Zé do Caixão.
O diretor José Mojica Marins contou à Folha o que não está no filme.
Por ser filho de agente funerário, Josefel Zanatas sofre preconceito desde a infância. Quando consegue engatar um namoro, uma tragédia adia o noivado. Ele decide juntar-se à Força Expedicionária Brasileira e combater na guerra. "Achava que voltaria como herói", diz Mojica.
Mas, como as cartas de Zanatas se extraviaram, a namorada o dá por morto. Quando ele volta, a surpreende sentada no colo do prefeito, numa comemoração pelo fim da guerra. Mata os dois.
"Ele não vai preso, porque é considerado neurótico de guerra. Aí nasceria a revolta contra todos. Passaria a usar preto, a capa, porque ele queria o poder e tinha de assustar a todos. Começaria a busca pela mulher superior, porque foi traído", diz Mojica. Em suma, Josefel Zanatas tornou-se Zé do Caixão porque "pensava que seria um herói; como não foi, tornou-se um sádico".


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