PATRICIA DECIA
da Reportagem Local

A banda hardcore Fugazi tocou anteontem em São Paulo para uma pequena multidão de fãs.
Se a cidade esteve parecida com Nova York na quarta-feira -havia três opções de shows internacionais: Fugazi, Dick Dale e 10,000 Maniacs-, a Broadway, na Marquês de São Vicente, poderia ser comparada a um clubinho do East Village.
Problemas no som, iluminação chapada, um palco de meio metro e gente amontoada numa pista de dança para assistir à banda de Ian MacKaye formavam a cena. Sem se esquecer, é claro, de muito "mosh" (mergulho na platéia).
Em uma hora e meia de show -os últimos 30 minutos foram só bis-, a banda privilegiou as músicas do disco "Red Medicine", de 95, e mostrou alguns sons novos.
Na única apresentação na cidade, parte da turnê de 13 shows pelo Brasil, o Fugazi teve bons momentos, sempre quando foi fiel ao hardcore mais tradicional, com muita guitarra e peso -para o prazer da platéia, que pulava sem parar e cantava todas as músicas.
A coisa ficava discutível quando a banda procurava construir climas à custa de microfonias intermináveis aliadas a tentativas de virtuosismo com as guitarras. Não deu certo, faltou psicodelia.
Formado na cena hardcore de Washington, em 1987, o Fugazi é considerado hoje banda mais que independente. Está ligado ao movimento "straight edge", título de uma música composta por MacKaye quando ele ainda estava no Minor Threat.
Os "straight edges" são contra racismo, drogas, bebidas, violência, capitalismo e o consumo de carne e têm simpatia pelo feminismo e o "socialismo cultural".
Antes do show começar, os sinais de que os "straight edges" compareceram em massa eram evidentes. Além das camisetas que anunciavam a filiação, alguns deles distribuíram panfletos sobre o "Vegetarianismo - pela sua saúde, pelo meio ambiente, pelos animais".
A turnê do Fugazi pelo Brasil incluiu ainda shows em Vitória (ontem), Recife (hoje), Brasília (amanhã e 10) e Santos (20).



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