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ARTES PLÁSTICAS
Artista apresenta nove esculturas; no mezzanino, pastéis de Hildebrando de Castro retratam perversões
Efraim Almeida mostra dor sublimada
da Reportagem Local
O artista plástico Efraim Almeida é uma unanimidade e as nove
esculturas que ele apresenta a partir de hoje na galeria Camargo Vilaça provam que, nesse caso, a
unanimidade não é burra.
Agrada a crítica, os amantes de
arte e o público leigo, como era
possível notar na última sexta-feira, no olhar das crianças do bairro,
que entravam na galeria para observar as pequenas esculturas do
artista. Ou na satisfação do galerista, ao ver praticamente toda a
mostra vendida antes de sua vernissage.
Efraim trabalha com elementos
figurativos, retirados em grande
parte da iconografia cristã. Cearense de nascimento, traz da tradição religiosa nordestina do ex-voto -objeto ou imagem oferecido
como agradecimento por uma
graça recebida- a influência mais
reconhecível de seu trabalho.
Suas esculturas provêm ainda da
observação de outros ícones religiosos. "Gosto de olhar imagens
de santos e ver como eles seguram
os objetos, a delicadeza do toque",
disse o artista.
Em uma das obras expostas,
duas pequenas mãos esculpidas
em cedro (simbolicamente, a madeira da cruz de Cristo) exibem
duas chagas de onde saem colares
de minúsculas contas, vermelhas,
como o sangue derramado, e que,
dispostos no chão, formam possíveis poças.
"Não é apenas uma apropriação
do ex-voto. Tento transcender sua
idéia original. Minhas imagens são
figurativas, mas também ambíguas. Elas não são apenas representação, não são objetivas. A relação com a obra de arte é do mesmo
tipo que a relação com essas imagens que representam milagres. O
ex-voto é um objeto que transcende seu poder", disse.
Na série "Milagres", as mãos seguram galhos de onde brotam chagas, olhos ou minúsculos rostos,
esculpidos com cortes precisos,
cheios de força e delicadeza.
"Assim como o ex-voto, a arte
deve efetuar algum tipo de transformação ou mudança. Ela também significa um tipo de auto-conhecimento", disse.
No mezzanino
Simultaneamente à mostra de
Efraim, a galeria Camargo Vilaça
inaugura uma mostra de Hildebrando de Castro, artista pernambucano, radicado há dois anos nos
EUA.
Ambos dividem o apreço pela figuração, mas o trabalho de Castro
é quase o oposto do de Efraim. Enquanto este demonstra uma dor
sublimada, Castro se preocupa em
trabalhar diversas manifestações
de perversão.
Nos quatro pastéis que exibe,
apresenta bonecos infantis envolvidos em situações de violência e
agressividade.
Sua Barbie aparece amarrada,
espancada e seviciada, com um
vestido de noiva em trapos e os órgãos sexuais à mostra. O ursinho
de pelúcia devora um pequeno
braço, músculos e ossos aparentes.
A enfermeira cuida de uma criança
com duas cabeças discordantes.
Uma menininha segura um coração com a mão em que lhe falta um
dedo. "Com as bonecas, faço uma
paródia das relações humanas",
disse.
A outra diferença está nas dimensões dos trabalhos, em grandes formatos. "O pastel precisa ter
um impacto. A dimensão é muito
importante, e trabalhar com detalhes em pastel é quase impossível."
(CELSO FIORAVANTE)
Mostra: Efraim Almeida (nove esculturas)
e Hildebrando de Castro (quatro pastéis
sobre papel)
Onde: galeria Camargo Vilaça (r. Fradique
Coutinho, 1.500, tel. 011/210-7390, vila
Madalena)
Vernissage: hoje, às 20h
Quando: de segunda a sexta, das 10h às
19h; sábado, das 10h às 14h
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