São Paulo, segunda, 8 de setembro de 1997.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VÍDEO LANÇAMENTOS
"O Paciente" é irresistível e esquecível

NELSON ASCHER
da Equipe de Articulistas

"O Paciente Inglês" é o nome de um livro para meninos e de um filme para meninas.
O romance do poeta cingalês de origem holandesa, educado na Inglaterra e radicado no Canadá, Michael Ondaatje, fala da exploração do deserto, da Segunda Guerra, de mutilação e morte, ou seja, é uma história de venturas na qual as mulheres aparecem para acender a imaginação dos homens ou tratar de seus ferimentos.
A versão cinematográfica, no entanto, mostra as coisas do ponto de vista delas e, assim, o que importa nos homens é precisarem de amor ou de cuidados.
Não é à-toa, portanto, que o paciente inglês propriamente dito (que, aliás, é um conde húngaro inspirado numa pessoa real), um homem moribundo, que na história original só se torna o protagonista perto do final, assume, na película, essa importância desde o começo -e Kip, o sikh desarmador de minas, reduz-se nas telas a uma presença secundária.
Muito da melhor arte de Ondaatje consistia em evocar as condições vigentes no Punjab natal de Kip, em discorrer sobre o aprendizado de um perito em explosivos, sua revolta contra o colonialismo.
Mas isso nada tem a ver com o amor como, aliás, tampouco se relaciona com a paixão por Catherine tudo o que o paciente inglês sabia do deserto.
Condizentemente, assuntos como esses são, se tanto, relegados pelo filme ao segundo plano.
Não se trata de recriminar o filme por ter se afastado do romance, mas de mostrar como ambas as obras pertencem a gêneros diferentes, pois o cingalês-canadense, a rigor, escreveu com os recursos da ficção comercial contemporânea, alto que pode ser qualificado como um livro dos anos 40, enquanto o diretor filmou um melodrama dos anos 50 adaptado aos padrões estéticos atuais.
E, sendo um melodrama, não é particularmente grave o fato de que, quando não se encontram reduzidos a uma bidimensionalidade simplificada, percam-se os fios complexos da narrativa.
O que conta é que uma história trágica de amor, não -graças a Deus- entre mais dois adolescentes despidos de libido e posando de gente grande, mas envolvendo jovens adultos que têm, por um lado, as feições sutilmente femininas de Ralph Fiennes e, por outro, a difícil beleza, a um tempo angelical e quase feia, de Kristin Scott Thomas, dispõe de tudo para ser irresistível -e facilmente esquecível.

Filme: O Paciente Inglês Produção: EUA/Inglaterra, 1996, 162 min. Direção: Anthony Minghella Com: Ralph Fiennes, Kristin Scott Thomas Lançamento: Europa (011/7295-7020)

OUTROS LANÇAMENTOS
As Bruxas de Salem
Drama. Garotas apaixonadas e supersticiosas -reprimidas pela rigidez moral de Salem- passam a acusar, por vingança, seus desafetos de seguidores do diabo. Desmaiam, têm visões e apresentam todos os indícios demoníacos necessários para semear o terror. Isso em 1692. O pastor e a principal autoridade local acreditam no histerismo das garotas, lideradas pela ardilosa Abigail Williams (Winona Ryder), que passa a ter poder de vida e morte sobre a população. (DENISE MOTA)

Produção: EUA, 1996, 123 min. Direção: Nicholas Hytner Lançamento: Abril (011/3037-4500)

Arquivo 6 - O Curandeiro
Suspense. Este episódio em vídeo da série de TV mais cult do mundo junta o último capítulo da terceira temporada e o que inicia a quarta (a quinta começa neste mês nos EUA). Nunca os agentes especiais Mulder e Scully, do FBI, estiveram tão próximos da verdade que eles tanto procuram. "O Curandeiro" traz informações sobre o paradeiro da abduzida irmã de Mulder, mostra ligações da mãe do agente com o Canceroso e bota nosso herói em contato com a criação de abelhas e humanos que vai permear a maioria dos capítulos da quarta temporada. (LÚCIO RIBEIRO)

Produção: EUA, 1996, 87 min.
Distribuição: Fox

A Taça da Morte
Suspense. Michael Sanford vê um carro parado na beira da estrada com duas crianças mortas. Ele fala o que viu à polícia, que acha que ele está escondendo algo. Michael é hipnotizado para revelar o que viu, o que o leva a ter alucinações. Num dos devaneios ele se lembra do acidente de carro que sofreu quando era criança, matando seu pai. Um amigo seu, que estava nesse carro, é abandonado por Michael sob o carro. Mais velho, ele reaparece para infernizar a vida de Michael. (MARCELO NEGROMONTE)
Produção: EUA, 1996, 101 min. Direção: Evan C. Crooke Lançamento: Abril (011/33037-4500)

O Dia da Besta
Thriller. O vigário Angel Berriartúia passou a vida estudando o diabo. Concluiu que o anticristo nasceria no dia 25 de dezembro, só não sabe onde. Ele vai parar numa loja de discos de death metal ("para sentir o clima do tinhoso"), cujo dono vira seu amigo. O padre sequestra um apresentador de um programa "esotérico" para ajudá-lo a desvendar o local do nascimento do capeta. Em tempos de Marilyn Manson, a drag apocalíptica, a besta aqui é mais convincente. (MN)
Produção: Espanha, 1995, 103 min. Direção: Andres Vicente Gomez Lançamento: Europa (011/7295-7020)

Jeffrey - De Caso com a Vida
Comédia. Depois de ser protagonista de melodramas, a Aids estrela sua primeira comédia. O homossexual Jeffrey decide abandonar sua compulsão, o sexo (sem sucesso), porque estava cansado de ter que se preocupar com o vírus HIV. Tromba com a lascívia na academia de musculação, onde se apaixona por um barman. Vesgo e musculoso, Steve é soropositivo. Depois de risos coloridos e amarelados -com a morte de amigos-, Jeffrey decide voltar a praticar o sexo. (CASSIANO ELEK)
Produção: EUA, 1994, 92 min. Direção: Christopher Ashley Lançamento: Mundial (011/7298-4200)

Crime Passional
Drama. Hedda (Robin Wright Penn) é depoente no caso de um homem, dono de um inexplicável carisma, que provocou a tentativa de suicídio de três ex-namoradas. Uma morreu e outra foi parar numa cadeira de rodas. Penn, a única que escapou ilesa, é convencida pelo advogado K.D. a depor no processo em que Debra, a que ficou na cadeira de rodas, move contra o ex-namorado das três. Um vínculo forte envolve Hedda e K.D. -os dois parecem já se conhecer muito. (LUÍS PEREZ)

Produção: EUA, 1996, 103 min. Direção: Erin Dignam Lançamento: Palyarte (011/575-6996)

Crime Passional
Drama. Hedda (Robin Wright Penn) é depoente no caso de um homem, dono de um inexplicável carisma, que provocou a tentativa de suicídio de três ex-namoradas. Uma morreu e outra foi parar numa cadeira de rodas. Penn, a única que escapou ilesa, é convencida pelo advogado K.D. a depor no processo em que Debra, a que ficou na cadeira de rodas, move contra o ex-namorado das três. Um vínculo forte envolve Hedda e K.D. -os dois parecem já se conhecer muito. (LUÍS PEREZ)

Produção: EUA, 1996, 103 min. Direção: Erin Dignam Lançamento: Palyarte (011/575-6996)

Coragem e Esperança
Drama. Alex, um garoto judeu que consegue escapar dos campos de concentração nazistas, fica sozinho em seu bairro, à espera do pai, que é levado pelos alemães, mas promete voltar. Apegado a essa esperança, Alex perde várias oportunidades de fugir, preferindo continuar se escondendo em buracos e armários para fugir dos nazistas. Este filme tem final feliz, o que não acontece em outros do mesmo tema. Por outro lado, os horrores do nazismo não deixam de estar presentes. (CECÍLIA SAYAD)
Produção: Inglaterra, 1995, 107 min. Direção: Soren Kragh-Jacobsen Lançamento: Playarte (011/575-6996)

Stephen King's - O Iluminado
Terror. Atenção: não se trata do clássico de Stanley Kubrick que imortalizou Jack Nicholson e o dedinho Tony, em 1980. O escritor, alegando que Kubrick deturpara seu livro, decidiu refilmar a história de Jack, ex-alcoólatra que se emprega como zelador do hotel Overlook, para onde leva sua mulher e seu filho. Por cinco meses, os três ficarão isolados pela neve no antigo prédio repleto de fantasmas. No fim, a sensação: ai, que saudades do velho Tony... (ERIKA SALLUM)

Produção: EUA, 1997, 269 min. Direção: Mick Garris Lançamento: Warner (011/820-6777)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.