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EUA planejam reação contra nova lei
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A nova lei do cinema nacional,
assinada na quarta pelo presidente Fernando Henrique Cardoso,
que sobretaxa filmes estrangeiros
exibidos no Brasil, poderá ter de
enfrentar na Justiça a reação dos
estúdios norte-americanos.
A medida provisória 2.219 é resultado de um ano de debate do
Gedic (Grupo Executivo para o
Desenvolvimento da Indústria
Cinematográfica), formado por
representantes do governo e da
indústria cinematográfica.
A Motion Pictures Association
(MPA), que reúne empresas como Buena Vista International,
Columbia TriStar, Paramount,
Fox e Warner Bros., irá analisar
detalhadamente a medida provisória e pode tentar mudar algumas cláusulas na Justiça.
"Medidas judiciais não são nada
agradáveis e têm alto custo. Mas,
se não houver outra maneira de
negociar... Precisamos defender
os interesses dos distribuidores e
estamos surpresos com a maneira
nada democrática com que as decisões foram tomadas", afirmou
Steve Solot, vice-presidente da
MPA na América Latina.
O principal problema, para os
norte-americanos, é a criação da
Condecine (Contribuição para o
Desenvolvimento da Indústria
Cinematográfica Nacional). Agora, além dos 25% de Imposto de
Renda sobre os lucros de exibição
no Brasil, o distribuidor terá de
pagar mais 11% de Condecine.
Quem não quiser pagar a taxa
tem a opção de se associar diretamente a uma produtora independente brasileira para uma co-produção. Dessa forma, estaria investindo diretamente no cinema nacional e ainda poderia ter abatimento na taxação da remessa.
Solot diz que a MPA "já vêm
atuando de forma importante na
co-produção e distribuição de filmes brasileiros, tanto no território nacional como no exterior".
Para ele, a sobretaxa pode "tornar inviáveis alguns setores do
mercado". "Poderia ter efeito trágico, por exemplo, na TV paga,
para programadores, operadores
e até para o telespectador, com o
aumento no valor da assinatura."
Outros especialistas ouvidos pela Folha acreditam que o consumidor final possa arcar com parte
do fomento à indústria cinematográfica, que deve, na avaliação do
governo federal, aumentar a receita anual do cinema nacional de
R$ 3 milhões para R$ 83 milhões.
A consequência seria um possível aumento dos valores de ingresso de cinema, aluguel de fitas
de vídeo e até mensalidade de televisão por assinatura. Isso, porém, depende ainda de como devem caminhar as negociações entre cada setor envolvido.
Para o governo, o ingresso de cinema não deve aumentar ou terá
um aumento mínimo. O cineasta
Luiz Carlos Barreto, membro do
Gedic e um dos principais articuladores da MP, diz que os custos
"não podem ser repassados para
o consumidor final, já que o ingresso no Brasil é um dos mais caros da América Latina".
Estrutura
A política do cinema nacional
será definida pelo Conselho Superior de Cinema e posta em prática
pela Agência Nacional do Cinema, a Ancine, criados pela MP.
A Ancine irá fiscalizar toda a indústria cinematográfica. Suas
atribuições vão desde receber relatórios semestrais de todas as locadoras de vídeo do país até fornecer o Certificado de Produto
Brasileiro às obras cinematográficas e determinar o pagamento de
multas a quem descumprir as
normas. Para isso, deve contar
com um quadro de 250 funcionários.
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