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ARQUITETURA
Projeto vencedor do arquiteto suíço prevê uma construção vertical que valorize a relação entre arte e cidade
Bernard Tschumi fará nova sede do MAC
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um fax chegou com uma boa
notícia ao escritório do arquiteto
Bernard Tschumi, em Nova York,
na última terça. Ele informava
que o suíço fora o escolhido para a
construção da nova sede do Museu de Arte Contemporânea
(MAC) da USP, na Água Branca.
Tschumi, 57, ganhou do japonês Arata Isozaki e dos brasileiros
Paulo Mendes da Rocha e Eduardo de Almeida, em uma concorrência promovida pela Associação de Amigos do MAC.
O arquiteto veio duas vezes ao
Brasil por causa da concorrência.
Primeiro para conhecer o local,
em junho, e, depois, na última segunda, para defender seu projeto
frente ao júri que analisou as propostas. Na segunda vez, ficou menos de 24 horas.
Uma das razões da escolha por
Tschumi foi seu empenho. "Ficou
claro que ele realmente quer trabalhar aqui", disse Jessie Otto Hitte, diretora do Blanton Museum,
da Universidade do Texas (EUA).
Hitte participou do comitê de
seleção com o arquiteto Frederick
Fisher, que fez o projeto do badalado PS1, em Nova York, Augustin Arteaga, diretor do Museu de
Arte Latino-Americano de Buenos Aires (Malba), que será inaugurado dia 20, Martin Fourcade, o
arquiteto que projetou o Malba, e
ainda os brasileiros Teixeira Coelho, diretor do MAC, Jorge Wilheim, secretário municipal de
Planejamento Urbano, Elmira
Nogueira Batista, presidente da
Associação de Amigos do MAC, e
a artista Regina Silveira.
Agora o arquiteto tem três meses para detalhar o projeto, apresentar os custos e a maquete.
"Com a maquete embaixo do braço é que vamos atrás de patrocínio", disse Batista, na entrevista
que anunciou Tschumi. Para a
concorrência, a associação gastou
R$ 187 mil, R$ 100 mil por meio da
Lei Rouanet. Na construção, a estimativa é de R$ 25 milhões. "É
muito pouco, quando se fala que
o Guggenheim no Rio deve custar
cerca de US$ 300 milhões", afirma
Batista. Por telefone, de Nova
York, Tschumi deu detalhes do
novo museu.
Folha - Uma das razões alegadas
para a escolha de seu projeto foi o
empenho demonstrado em querer
construir algo no Brasil. Por que o
senhor quer tanto fazer aqui?
Bernard Tschumi - Todo arquiteto é fascinado pelo Brasil, por sua
cultura e sua arquitetura. Assim,
ficar mais próximo disso por
meio de um edifício é uma oportunidade fantástica.
Folha - O senhor até mandou pessoas de seu escritório virem passar
as férias aqui, é verdade?
Tschumi - Sim, é verdade. Duas
pessoas do escritório foram a Brasília, Rio e São Paulo. Agora eles
estão muito contentes em poder
desenvolver o projeto.
Folha - Como é o projeto do museu?
Tschumi - Em poucas palavras,
diria que é um museu vertical,
que terá uma relação muito forte
com a cidade. Um dos temas centrais do projeto é justamente a relação arte e cidade. Procuramos
fazer um edifício que, de um lado,
seja um ótimo espaço para a arte,
onde se possa contemplar uma
obra de arte sem ser perturbado,
e, ao mesmo tempo, um museu
que dialogue com a cidade. A visão dele será extraordinária, tanto
do vale do rio Tietê, quanto do
centro da cidade.
Folha - Como será a distribuição
das galerias no prédio?
Tschumi - O museu terá dez andares. Os primeiros quatro são estacionamentos. Nos outros dois,
estarão a administração e a parte
educativa do museu. Há, então,
três andares com galerias e depois
o que chamo de "sky-lobby" (sala
do céu), com restaurante, loja e
uma pequena galeria. E, no topo,
haverá um grande jardim de esculturas e outro restaurante.
No térreo, haverá uma área coberta, onde será a entrada do museu, que também terá uma galeria
aberta, uma espécie de praça pública aberta a todos os cidadãos.
De lá, o elevador levará direto para o "sky-lobby". Quem visitar as
exposições deverá descer de lá por
rampas que irão circundar as galerias. Daí será possível ter uma
visão panorâmica da cidade.
Folha - O vidro é um material dominante no projeto...
Tschumi - O edifício será uma
combinação de vidro e concreto,
pois é com vidro que será possível
a visão geral da cidade. Mas as galerias estarão bem protegidas, elas
não terão muita luz natural.
Também nos preocupamos
muito com a questão energética.
Teremos uma forma de aproveitar a luz natural como fonte energética.
Folha - Espera-se gastar US$ 10
milhões para a construção do edifício, não é pouco?
Tschumi - Teremos que ver. Temos agora três meses para detalhar o projeto, só depois posso dar
números de fato.
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