São Paulo, sábado, 08 de setembro de 2001

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ARQUITETURA

Projeto vencedor do arquiteto suíço prevê uma construção vertical que valorize a relação entre arte e cidade

Bernard Tschumi fará nova sede do MAC

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um fax chegou com uma boa notícia ao escritório do arquiteto Bernard Tschumi, em Nova York, na última terça. Ele informava que o suíço fora o escolhido para a construção da nova sede do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, na Água Branca.
Tschumi, 57, ganhou do japonês Arata Isozaki e dos brasileiros Paulo Mendes da Rocha e Eduardo de Almeida, em uma concorrência promovida pela Associação de Amigos do MAC.
O arquiteto veio duas vezes ao Brasil por causa da concorrência. Primeiro para conhecer o local, em junho, e, depois, na última segunda, para defender seu projeto frente ao júri que analisou as propostas. Na segunda vez, ficou menos de 24 horas.
Uma das razões da escolha por Tschumi foi seu empenho. "Ficou claro que ele realmente quer trabalhar aqui", disse Jessie Otto Hitte, diretora do Blanton Museum, da Universidade do Texas (EUA).
Hitte participou do comitê de seleção com o arquiteto Frederick Fisher, que fez o projeto do badalado PS1, em Nova York, Augustin Arteaga, diretor do Museu de Arte Latino-Americano de Buenos Aires (Malba), que será inaugurado dia 20, Martin Fourcade, o arquiteto que projetou o Malba, e ainda os brasileiros Teixeira Coelho, diretor do MAC, Jorge Wilheim, secretário municipal de Planejamento Urbano, Elmira Nogueira Batista, presidente da Associação de Amigos do MAC, e a artista Regina Silveira.
Agora o arquiteto tem três meses para detalhar o projeto, apresentar os custos e a maquete. "Com a maquete embaixo do braço é que vamos atrás de patrocínio", disse Batista, na entrevista que anunciou Tschumi. Para a concorrência, a associação gastou R$ 187 mil, R$ 100 mil por meio da Lei Rouanet. Na construção, a estimativa é de R$ 25 milhões. "É muito pouco, quando se fala que o Guggenheim no Rio deve custar cerca de US$ 300 milhões", afirma Batista. Por telefone, de Nova York, Tschumi deu detalhes do novo museu.

Folha - Uma das razões alegadas para a escolha de seu projeto foi o empenho demonstrado em querer construir algo no Brasil. Por que o senhor quer tanto fazer aqui?
Bernard Tschumi -
Todo arquiteto é fascinado pelo Brasil, por sua cultura e sua arquitetura. Assim, ficar mais próximo disso por meio de um edifício é uma oportunidade fantástica.

Folha - O senhor até mandou pessoas de seu escritório virem passar as férias aqui, é verdade?
Tschumi -
Sim, é verdade. Duas pessoas do escritório foram a Brasília, Rio e São Paulo. Agora eles estão muito contentes em poder desenvolver o projeto.

Folha - Como é o projeto do museu?
Tschumi -
Em poucas palavras, diria que é um museu vertical, que terá uma relação muito forte com a cidade. Um dos temas centrais do projeto é justamente a relação arte e cidade. Procuramos fazer um edifício que, de um lado, seja um ótimo espaço para a arte, onde se possa contemplar uma obra de arte sem ser perturbado, e, ao mesmo tempo, um museu que dialogue com a cidade. A visão dele será extraordinária, tanto do vale do rio Tietê, quanto do centro da cidade.

Folha - Como será a distribuição das galerias no prédio?
Tschumi -
O museu terá dez andares. Os primeiros quatro são estacionamentos. Nos outros dois, estarão a administração e a parte educativa do museu. Há, então, três andares com galerias e depois o que chamo de "sky-lobby" (sala do céu), com restaurante, loja e uma pequena galeria. E, no topo, haverá um grande jardim de esculturas e outro restaurante.
No térreo, haverá uma área coberta, onde será a entrada do museu, que também terá uma galeria aberta, uma espécie de praça pública aberta a todos os cidadãos. De lá, o elevador levará direto para o "sky-lobby". Quem visitar as exposições deverá descer de lá por rampas que irão circundar as galerias. Daí será possível ter uma visão panorâmica da cidade.

Folha - O vidro é um material dominante no projeto...
Tschumi -
O edifício será uma combinação de vidro e concreto, pois é com vidro que será possível a visão geral da cidade. Mas as galerias estarão bem protegidas, elas não terão muita luz natural.
Também nos preocupamos muito com a questão energética. Teremos uma forma de aproveitar a luz natural como fonte energética.

Folha - Espera-se gastar US$ 10 milhões para a construção do edifício, não é pouco?
Tschumi -
Teremos que ver. Temos agora três meses para detalhar o projeto, só depois posso dar números de fato.


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