São Paulo, sexta-feira, 08 de setembro de 2006

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Rock/crítica

Com "Empire", Kasabian amplia e melhora referências

João Relvas/EFE
Tom Meighan, vocalista da banda Kasabian, em show no Rock in Rio - Lisboa neste ano; o grupo acaba de lançar o segundo disco


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

O PRIMEIRO disco do Kasabian, homônimo, de 2004, foi lançado no Brasil. O segundo, "Empire", saído há pouco na Europa, provavelmente não será. Pena. Porque enquanto o primeiro é um lixo revivalista, o novo mostra o quarteto britânico pisando firme em vários territórios.
Mesmo com o rumor de que o grupo seria escalado para alguns festivais no país, a estréia do Kasabian não vendeu por aqui o suficiente para motivar a Sony BMG a colocar "Empire" nas lojas brasileiras.
Banda de Leicester, o Kasabian tirou o nome de uma integrante da gangue de Charles Manson (Linda Kasabian), que assassinou a atriz Sharon Tate em 1969 nos Estados Unidos.
O grupo é liderado pelo vocalista Tom Meighan e pelo guitarrista Serge Pizzorno, que costumam ser comparados a Liam e Noel Gallagher.
A referência é menos musical do que comportamental. Como os irmãos do Oasis, Meighan e Pizzorno são fanáticos por futebol (torcem para o Leicester), arrogantes e desbocados (falam mal dos Strokes, do Libertines e da maioria das bandas roqueiras da nova geração britânica).
Mas as semelhanças com o Oasis não vão muito além. Se no primeiro álbum o Kasabian chupava descaradamente o som indie-dance da Manchester do final dos anos 80/início dos 90 (Happy Mondays, Stone Roses), em "Empire" eles não se furtam em ir atrás do glam rock, dos Chemical Brothers e do psicodelismo eletrônico do Primal Scream.
O faixa-título é assumidamente "inspirada" na linha de guitarra de "Rock and Roll (Part 2)", de Gary Glitter. É tocada com um espírito de sem-vergonhice despojada, claramente não se leva a sério e dá um clima festeiro ao álbum logo de cara. À medida que o álbum segue, o Kasabian vai mudando de cara. "Last Trip (In Flight)" lembra Primal Scream da fase "Screamadelica".
"Me Plus One" pavimenta os traços orientais vistos com mais propriedade na posterior, "Sun Rise Light Flies" -esta última quase um rearranjo de "Setting Sun", colaboração de Noel Gallagher com os Chemical Brothers. "Apnoea" e "Stuntman" têm ótimas bases eletrônicas, coisas que, de novo, os Chemical Brothers de hoje adorariam tomar emprestado.
"Empire" tem alguns pontos baixos -não por coincidência, aqueles que mais lembram o disco anterior, como "Shoot the Runner" e "By My Side".
A parte final do álbum, com "British Legion" e "The Doberman", traz boas surpresas: a primeira, uma balada romântica; a última, viajante referência a Ennio Morricone. "Empire" é inspirado, ousado e, vindo de uma banda como Kasabian, surpreendente.

EMPIRE     
Artista: Kasabian
Lançamento: Sony BMG (importado)
Quanto: R$ 50, em média


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