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CRÍTICA MPB
Milton Nascimento equipara o passado e o presente em "...E a Gente Sonhando"
DO ENVIADO A TRÊS PONTAS
"...E a Gente Sonhando" é,
sobretudo, um jogo de espelhos. O homem maduro procura na imagem de seus meninos algo parecido com o
próprio reflexo. E encontra.
Milton é especialista nisso.
Se a faixa que dá nome ao
CD é o exemplo mais bem-acabado de tal mecanismo, a
brincadeira se aprofunda nas
canções em que isso acontece de maneira menos óbvia.
É o colégio da infância
trespontana que o compositor reconstrói quando descreve o incêndio na música
"O Ateneu".
São as harmonias intrincadas do Clube da Esquina que
soam em "Amor do Céu,
Amor do Mar", música do jovem Flavio Henrique, sobre a
qual Milton construiu letra
que evoca Elis Regina, a cantora que o projetou.
A balada "Olhos do Mundo" (Marco Elízeo/Heitor
Branquinho) devolve Milton
ao homem na casa dos 40, de
álbuns mais pop como "Caçador de Mim" (1981).
São todos os tempos correndo em pé de igualdade, e
a mensagem floresce em
"Resposta ao Tempo", bolero
lançado por Nana Caymmi.
Em jogral, o veterano e o
coro de estreantes se intercalam na gangorra entre velho
e novo, e tanto um quanto
outros se colocam no papel
da "eterna criança que não
soube amadurecer".
Milton, portanto, empresta experiência, talento e prestígio à nova geração.
Em contrapartida, recebe
dela doses colossais de inquietude artística e energia
vital -combustíveis que,
com o rolar do tempo, raros
veteranos conseguem prender por entre as rugas dos dedos.
(MP)
...E A GENTE SONHANDO
ARTISTA Milton Nascimento
LANÇAMENTO Nascimento Música/
EMI
QUANTO a definir
AVALIAÇÃO ótimo
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