São Paulo, quinta-feira, 08 de setembro de 2011 |
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ENTREVISTA Rosnar pela primeira vez foi incrível, diz ator A seguir, Rui Xavier comenta seu processo de criação na peça "Cão". Folha - Como se tornar um cão? Rui Xavier - Coloque as quatro patas no chão, sem encostar os joelhos. Sinta o cheiro de tudo. O nariz do cachorro chega sempre na frente. Ouça os sons distantes sem filtros, permitindo que o olhar acompanhe. Lamba, babe e perdoe. Ser cachorro é não ter mágoas. Qual é a maior dificuldade em ser um cachorro? Não foi o esforço físico, mas deixar de me incomodar com o ponto de vista do cachorro: a proximidade do chão e o olhar que vê tudo de baixo para cima. O que você aprendeu? A qualidade dos sentidos. Tentava sentir os cheiros de tudo. Descobri que meu olfato é melhor do que eu imaginava. E sobre os humanos? Estabeleci como meta de treinamento atravessar o Minhocão como um cachorro, de coleira, sendo conduzido pela Hévelin. Teve gente que ficou com raiva, uma mulher perguntou se eu tinha doença mental. A gente ainda é muito medroso e intolerante em relação àquilo que é bizarro. Quais foram as coisas mais bizarras pelas quais passou? Encontrar um amigo quando estava passeando de coleira no Minhocão e a experiência das aulas. Os cachorros se cumprimentam com cabeçadas e dizem quem manda no pedaço travando o outro animal com as patas dianteiras. O homem está se animalizando? Quem dera, temo que esteja se robotizando. Mas existe um lado animalesco. Senti isso no dia em que estava bravo e pela primeira vez na vida tive autorização para rosnar. Foi incrível. Texto Anterior: Teatro: Peça mostra rotina de homem-cachorro Próximo Texto: Crítica/Drama: "Cartas de Amor para Stálin" revela a neurose do artista Índice | Comunicar Erros |
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