São Paulo, quinta-feira, 08 de setembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros Teatro Peça mostra rotina de homem-cachorro Para viver o protagonista de "Cão", Rui Xavier fez pesquisa em pet shop e aprendeu a dar a pata, sentar e deitar Peça estreia hoje em São Paulo; também autor do texto, Xavier frequentou aula ao lado de boxer e vira-latas GABRIELA MELLÃO DE SÃO PAULO Foi um processo de criação teatral no mínimo bizarro. Para viver um dos protagonistas de "Cão", peça que estreia hoje em São Paulo, Rui Xavier, também autor da peça, fez pesquisa em um pet shop. Frequentou durante um mês aulas com um treinador de cachorros. Ele tinha, entre seus companheiros, um golden retriever, uma boxer e alguns vira-latas. Aprendeu a dar a pata, sentar e deitar. Estudou de perto o ritmo dos cachorros, marcado por movimentos bruscos, o ângulo das patas, ligeiramente torcido, e o olhar desfocado. "Eles parecem ver tudo ao mesmo tempo, não têm o nosso filtro", explica. "Cão", espetáculo dirigido coletivamente pelos integrantes da Cia. Núcleo 1408, apresenta a transformação de Mário, homem que, após sofrer depressão, passa a se comportar como cachorro. Sua mulher (Hévelin Gonçalves) é uma publicitária bem-sucedida. Monologa durante quase todo o espetáculo, contando diretamente ao público sua história. Fala como sua carreira avançou e a de seu marido estacionou-se, tentando explicar a depressão dele. Após o choque de ver a transformação de Mário, ela o tranca em casa, alimenta-o com ração e brinca com ele, jogando bolinhas. Em troca, Mário demonstra seu afeto: abana o rabo, uiva e salta agitado pela casa. O espetáculo é ficcional, mas foi inspirado numa doença real e bastante rara, nomeada licantropia clínica. Segundo Xavier, seu objetivo inicial era discutir o machismo e a influência do dinheiro nas relações. "Cão" se tornou mais potente do que isso. Além de apresentar um trabalho corporal admirável do ator, o espetáculo instaura uma situação absurda que instiga o espectador a refletir sobre seu próprio tempo, sem lhe impor interpretações. CÃO QUANDO qui. e sex., às 21h; até 30/9 ONDE Sesc Consolação (r. Dr. Vila Nova, 245, região central; tel. 0/xx/11/3234-3000) QUANTO R$ 10 CLASSIFICAÇÃO 14 anos Texto Anterior: Nelson Freire e Osesp resgatam ternura de obra de Schumann Próximo Texto: Entrevista: Rosnar pela primeira vez foi incrível, diz ator Índice | Comunicar Erros

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.