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HISTÓRIA
CD-ROM trará arquivo do Brasil colonial
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
Os estudiosos do período colonial brasileiro e o público em geral
não precisarão mais ir a Lisboa
-nem sequer sair de casa- para
consultar o acervo do Arquivo
Histórico Ultramarino, que reúne
manuscritos do século 16 ao 19.
Até o ano 2000, o Projeto Resgate, do governo brasileiro, pretende
microfilmar e transcrever todos os
documentos referentes ao Brasil
para matrizes de CD-ROM, de onde serão feitas cópias para venda
ao público.
O Arquivo Ultramarino reúne a
correspondência oficial trocada
entre a administração central em
Portugal e as administrações locais
das colônias portuguesas durante
os três séculos de documentação.
Só sobre o Brasil, são 300 mil
dossiês, acondicionados em 3.990
caixas do tamanho de uma gaveta
de arquivo de aço como as que são
encontradas nos escritórios modernos.
A transcrição para CD-ROM foi
anunciada pelo ministro da Cultura, Francisco Weffort, em Belo
Horizonte, durante a entrega, na
sexta-feira passada, do primeiro
lote de microfilmes.
Capitania das Minas Gerais
O lote é composto de 174 rolos de
microfilme, com cópias de 15 mil
conjuntos de documentos sobre a
capitania das Minas Gerais, encontrados no Arquivo Ultramarino.
Weffort entregou também ao governo mineiro as matrizes dos primeiros CD-ROMs com a transcrição dos microfilmes.
Segundo a coordenadora técnica
do projeto, Esther Bertoletti, os
174 rolos serão transcritos para
aproximadamente 30 CD-ROMs,
organizados de maneira cronológica.
O embaixador Wladimir Murtinho, coordenador-geral do projeto, disse que o próximo lote de rolos de microfilmes a ser disponibilizado conterá a documentação de
códices (livros de registro da correspondência entre Portugal e a
colônia).
"São documentos que dizem
respeito a todos os Estados e não a
uma ou outra região", afirmou o
embaixador.
Ele informou que também já foram microfilmados os documentos relativos à Capitania de Sergipe
(1.350 conjuntos de documentos)
e parte dos relativos à Capitania da
Bahia (13 mil documentos).
Até o final do ano, deverão estar
microfilmados os documentos referentes a Alagoas, Piauí, Espírito
Santo, Rio Negro (atual Amazonas), Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Ceará e Rio Grande do
Norte, totalizando 13,5 mil conjuntos de documentos.
Documentos paulistas
O levantamento dos sete mil dossiês relativos a São Paulo, que já
teve uma parte catalogada na década de 50, só deve começar no
ano que vem.
O ministro Weffort disse que a
microfilmagem dos documentos
encontrados no Arquivo Ultramarino será terminada no ano 2000,
quando se completa 500 anos da
chegada dos portugueses ao território brasileiro.
Até agora, já foram gastos cerca
de R$ 800 mil na catalogação e
transcrição dos documentos. O
embaixador Murtinho estima que
serão gastos pelo menos mais R$
1,2 milhão para copiar o restante
dos 300 mil dossiês.
A professora Bertoletti calcula
que metade dos documentos sobre
o período colonial brasileiro existente fora do país estão no Arquivo
Ultramarino.
O objetivo do projeto é copiar
também o restante da documentação, que está espalhada entre arquivos em Portugal e em outros
países da Europa.
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