São Paulo, segunda, 8 de setembro de 1997.



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HISTÓRIA
CD-ROM trará arquivo do Brasil colonial

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

Os estudiosos do período colonial brasileiro e o público em geral não precisarão mais ir a Lisboa -nem sequer sair de casa- para consultar o acervo do Arquivo Histórico Ultramarino, que reúne manuscritos do século 16 ao 19.
Até o ano 2000, o Projeto Resgate, do governo brasileiro, pretende microfilmar e transcrever todos os documentos referentes ao Brasil para matrizes de CD-ROM, de onde serão feitas cópias para venda ao público.
O Arquivo Ultramarino reúne a correspondência oficial trocada entre a administração central em Portugal e as administrações locais das colônias portuguesas durante os três séculos de documentação.
Só sobre o Brasil, são 300 mil dossiês, acondicionados em 3.990 caixas do tamanho de uma gaveta de arquivo de aço como as que são encontradas nos escritórios modernos.
A transcrição para CD-ROM foi anunciada pelo ministro da Cultura, Francisco Weffort, em Belo Horizonte, durante a entrega, na sexta-feira passada, do primeiro lote de microfilmes.

Capitania das Minas Gerais
O lote é composto de 174 rolos de microfilme, com cópias de 15 mil conjuntos de documentos sobre a capitania das Minas Gerais, encontrados no Arquivo Ultramarino.
Weffort entregou também ao governo mineiro as matrizes dos primeiros CD-ROMs com a transcrição dos microfilmes.
Segundo a coordenadora técnica do projeto, Esther Bertoletti, os 174 rolos serão transcritos para aproximadamente 30 CD-ROMs, organizados de maneira cronológica.
O embaixador Wladimir Murtinho, coordenador-geral do projeto, disse que o próximo lote de rolos de microfilmes a ser disponibilizado conterá a documentação de códices (livros de registro da correspondência entre Portugal e a colônia).
"São documentos que dizem respeito a todos os Estados e não a uma ou outra região", afirmou o embaixador.
Ele informou que também já foram microfilmados os documentos relativos à Capitania de Sergipe (1.350 conjuntos de documentos) e parte dos relativos à Capitania da Bahia (13 mil documentos).
Até o final do ano, deverão estar microfilmados os documentos referentes a Alagoas, Piauí, Espírito Santo, Rio Negro (atual Amazonas), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Ceará e Rio Grande do Norte, totalizando 13,5 mil conjuntos de documentos.

Documentos paulistas
O levantamento dos sete mil dossiês relativos a São Paulo, que já teve uma parte catalogada na década de 50, só deve começar no ano que vem.
O ministro Weffort disse que a microfilmagem dos documentos encontrados no Arquivo Ultramarino será terminada no ano 2000, quando se completa 500 anos da chegada dos portugueses ao território brasileiro.
Até agora, já foram gastos cerca de R$ 800 mil na catalogação e transcrição dos documentos. O embaixador Murtinho estima que serão gastos pelo menos mais R$ 1,2 milhão para copiar o restante dos 300 mil dossiês.
A professora Bertoletti calcula que metade dos documentos sobre o período colonial brasileiro existente fora do país estão no Arquivo Ultramarino.
O objetivo do projeto é copiar também o restante da documentação, que está espalhada entre arquivos em Portugal e em outros países da Europa.




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