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SHOW
Peladões soltam fúria rock and roll no palco
THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
Show do Red Hot Chili Peppers
é imperdível, por uma penca de
motivos. Nem precisa ser fã desbragado da banda californiana. O
evento conta muito da história do
rock and roll recente e vale ser
conferido por qualquer um que
seja sensibilizado pelo gênero.
Em primeiro lugar, os Chili
Peppers costumam desempenhar
muito bem em cima do palco.
Não é por acaso que, no início dos
anos 80, um executivo de gravadora viu os meninos ao vivo apenas uma vez e já foi logo oferecendo um contrato para lançamento
de oito (!) álbuns.
A banda começou no tempo em
que a escola da música pop era a
estrada. Antes de pensar em gravar ou aparecer na MTV (as duas
preocupações primordiais da
moçada que atualmente entra na
música pop), os Chili Peppers ganharam fama no circuito alternativo de shows nos EUA. Um crítico da revista "Spin" sentenciou:
"Esses caras tocam como se fossem morrer no final do show!".
A banda sempre teve dois lados
em equilíbrio, a fúria porra-louca
no palco e a concentração no estúdio em busca da batida perfeita.
Esses lados coexistem principalmente no baixista Flea, o verdadeiro dínamo do quarteto.
No estúdio, trata-se de um pesquisador inquieto, um músico
que tenta sempre aumentar seus
horizontes. Toca baixo, guitarra,
bateria, piano, sax, trompete e,
provavelmente, quer aprender
qualquer instrumento que aparecer. No palco, o cara pega fogo. Às
vezes, literalmente. Adora tocar
pelado -ou apenas com uma
meia cobrindo o pênis, marca registrada do encerramento dos
shows na década passada-, gira
como um pião e esbugalha os
olhos quando sola. Só falta babar.
Mas a banda não é apenas Flea.
Tem um vocalista atlético carismático, Anthony Kiedis, que, ao
lado de Flea, está na banda desde
o início. Baixo e guitarra já passaram por muitas mãos. Como tantas bandas na história do rock, os
Chili Peppers vivenciaram poucas
e boas. Brigas, processos, internações para desintoxicação, morte
de um integrante por overdose (o
guitarrista Hillel Slovak, em 1988)
e outras barras.
O que fica, no entanto, é uma
discografia poderosa. O grupo
cravou seu nome na história da
música pop ao fundir punk e
funk, consolidando a onda de
crossovers que guia a cena roqueira. Sem os Chili Peppers,
muita banda que hoje escala as
paradas estaria até agora tocando
punk em algum boteco.
Petardos como "Give It Away",
"Higher Ground" e "Under the
Bridge" vão levantar o público no
Credicard Hall hoje à noite, mas
um show dessa banda sempre
oferece surpresas.
O Red Hot Chili Peppers não é
apenas um bando de caras que
gostam de tocar pelados. O grupo
reúne algumas das figuras mais
energéticas e criativas do rock nos
últimos 20 anos. Caras que, por
acaso, adoram tocar pelados.
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