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MODA PRIMAVERA-VERÃO 2000
Verão de Versolato abandona noturnos e se volta para o dia
Associated Press
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Modelo exibe vestido de cetim sem mangas do brasileiro Ocimar Versolato, anteontem, em Paris |
ERIKA PALOMINO
enviada especial a Paris
Às 22h, no final da longa quarta-feira para os jornalistas que seguem a temporada do prêt-à-porter em Paris, o brasileiro Ocimar
Versolato desfilou sua coleção de
primavera-verão 2000 em seu
show-room na Place Vendôme.
A coleção deixa claro que existem muitas mudanças no ar e que
há uma necessidade de mercado
ganhando influência.
Há 13 anos radicado em Paris,
Ocimar Versolato ficou conhecido por seus luxuosos vestidos de
noite. As principais características dessas peças é que elas não
apenas vestiam, mas envolviam o
corpo da mulher.
Os tecidos eram os mais delicados, com encaixes elaborados
(técnica que desenvolveu à perfeição e o transformou em atração
no meio) e desenhos surpreendentes que obedeciam curiosas e
criativas modelagens.
Depois de ganhos e perdas no
percurso, Versolato conseguiu
dar outro pulo de gato ao resolver
questões administrativas e financeiras dentro de sua empresa.
Com esse passo, passou a ser
convidado para o (mais seleto
ainda) time de participantes da alta-costura -o universo das roupas únicas, caríssimas, feitas a
mão em processo absolutamente
artesanal. Ele integra a lista de renovadores do gênero.
Nova linha
Mas aqui, em outubro de 99, falamos de prêt-à-porter e os novos
movimentos do estilista incluem
uma outra linha, a O.V., inteiramente dedicada a sporstwear de
qualidade.
Ponderado tudo isso, o resultado é que seu desfile avançou mais
em direção à roupa para o dia; básica, num certo sentido, deixando
a grandiosidade e a sofisticação
para a alta-costura.
Ficamos, então, agora, no meio
do caminho. Mas aqueles tempos
deixam saudade.
A coleção tem seus bons momentos ao flertar com os dois lados, na calça reta em que o xadrez
é feito de paetês, no jeans escuro e
elegante usado com blusa de
manga-morcego (um miniquimono), de forma tomara-que-caia, em preto; no jeans de barrado de paetê holográfico; na coragem da bermuda jeans turquesa
usada com as lindas botas altas
roxas Charles Jourdan. O minivestido-camisa, vermelho, demonstra a concisão e precisão do
corte de Versolato.
É preciso dizer que a imagem é
muito mais jovem e leve, com
meninas de tranças meio desfeitas, em frescos vestidos creme,
longos, em que o mais delicado,
em crepe de seda, tem alcinha e
decote de micropérolas coloridas.
De todos os vestidos, o mais bonito é o de barbantinho em Caroline Magalhães -que consegue
ser ao mesmo tempo tecnológico
e suave. Perfeitos para a nova
cliente do estilista, que agora já
possui um show-room próprio
no Brasil.
O final apoteótico acaba não se
cumprindo. E fica-se com a sensação de que as coisas poderiam
ser diferentes, principalmente
nos vestidos em jérsei com fios de
metal, em cor de patê, que nem de
longe lembravam a sensualidade
inata da moda do estilista.
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