São Paulo, Sexta-feira, 08 de Outubro de 1999
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MODA PRIMAVERA-VERÃO 2000

Verão de Versolato abandona noturnos e se volta para o dia


Associated Press
Modelo exibe vestido de cetim sem mangas do brasileiro Ocimar Versolato, anteontem, em Paris


ERIKA PALOMINO
enviada especial a Paris



Às 22h, no final da longa quarta-feira para os jornalistas que seguem a temporada do prêt-à-porter em Paris, o brasileiro Ocimar Versolato desfilou sua coleção de primavera-verão 2000 em seu show-room na Place Vendôme.
A coleção deixa claro que existem muitas mudanças no ar e que há uma necessidade de mercado ganhando influência.
Há 13 anos radicado em Paris, Ocimar Versolato ficou conhecido por seus luxuosos vestidos de noite. As principais características dessas peças é que elas não apenas vestiam, mas envolviam o corpo da mulher.
Os tecidos eram os mais delicados, com encaixes elaborados (técnica que desenvolveu à perfeição e o transformou em atração no meio) e desenhos surpreendentes que obedeciam curiosas e criativas modelagens.
Depois de ganhos e perdas no percurso, Versolato conseguiu dar outro pulo de gato ao resolver questões administrativas e financeiras dentro de sua empresa.
Com esse passo, passou a ser convidado para o (mais seleto ainda) time de participantes da alta-costura -o universo das roupas únicas, caríssimas, feitas a mão em processo absolutamente artesanal. Ele integra a lista de renovadores do gênero.

Nova linha
Mas aqui, em outubro de 99, falamos de prêt-à-porter e os novos movimentos do estilista incluem uma outra linha, a O.V., inteiramente dedicada a sporstwear de qualidade.
Ponderado tudo isso, o resultado é que seu desfile avançou mais em direção à roupa para o dia; básica, num certo sentido, deixando a grandiosidade e a sofisticação para a alta-costura.
Ficamos, então, agora, no meio do caminho. Mas aqueles tempos deixam saudade.
A coleção tem seus bons momentos ao flertar com os dois lados, na calça reta em que o xadrez é feito de paetês, no jeans escuro e elegante usado com blusa de manga-morcego (um miniquimono), de forma tomara-que-caia, em preto; no jeans de barrado de paetê holográfico; na coragem da bermuda jeans turquesa usada com as lindas botas altas roxas Charles Jourdan. O minivestido-camisa, vermelho, demonstra a concisão e precisão do corte de Versolato.
É preciso dizer que a imagem é muito mais jovem e leve, com meninas de tranças meio desfeitas, em frescos vestidos creme, longos, em que o mais delicado, em crepe de seda, tem alcinha e decote de micropérolas coloridas.
De todos os vestidos, o mais bonito é o de barbantinho em Caroline Magalhães -que consegue ser ao mesmo tempo tecnológico e suave. Perfeitos para a nova cliente do estilista, que agora já possui um show-room próprio no Brasil.
O final apoteótico acaba não se cumprindo. E fica-se com a sensação de que as coisas poderiam ser diferentes, principalmente nos vestidos em jérsei com fios de metal, em cor de patê, que nem de longe lembravam a sensualidade inata da moda do estilista.


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