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MÚSICA
Sting troca índios por travestis em novo CD
MALU GASPAR
de Nova York
Depois de três anos sem gravar
um disco, Sting está de volta com
seu "Brand New Day" (Um Dia
Novo em Folha), que teve lançamento mundial na semana passada. De novo, o álbum recém-lançado traz uma mistura de ritmos:
baladas, músicas árabes e do
Oriente Médio e até um ar de bossa nova estão em suas músicas,
cujo tema central é o amor.
O Brasil, que em outros tempos
já serviu de palco para a militância política do cantor em favor da
preservação da Amazônia e dos
povos indígenas, agora está presente no disco em forma de homenagem aos travestis brasileiros
que trabalham na França.
A música "Tomorrow We'll
See" (Amanhã Veremos) conta a
história de um travesti. "Não me
julgue. Você poderia estar no meu
lugar em outras circunstâncias",
diz a letra.
Sting encontrou os travestis que
diz estar homenageando quando
estava em Paris, onde sua mulher
gravou um documentário sobre o
assunto.
"Para mim foi uma experiência
extraordinária, porque percebi
que eles estavam no show business. E eram orgulhosos de sua
aparência", disse em Nova York,
onde participa, amanhã, de um
show com renda destinada ao
programa das Nações Unidas para a erradicação da pobreza.
Com essas novas referências ao
Brasil, Sting vai se distanciando
de outras, que ficaram marcadas à
sua imagem no país.
Apesar de afirmar que continua
contribuindo, com dinheiro, para
a preservação da floresta, Sting
diz que não vai mais voltar à
Amazônia. Quando esteve no
Brasil e mais tarde, quando levou
o cacique Raoni para a Europa
para levantar fundos para a causa
indígena, foi acusado de estar
usando a imagem dos índios para
se promover.
"Não quero brincar de celebridade. Eu levanto dinheiro aqui e
mando para lá. Mas há muito desentendimento acerca de minha
ida ao Brasil. Há doze anos, quando eu fiz aquele trabalho, senti
que estava lutando por uma grande causa. Algumas pessoas não
entenderam, outras não gostaram", afirma.
Outra coisa que Sting diz que
não fará mais é cantar em português, como fez na música "Fragilidade". "Eu não canto muito bem
em português", lamenta.
Música e letra
Em "Brand New Day", as melodias vieram antes do que as letras.
Sting afirma que ficou um ano
compondo as músicas, com amigos, em casa.
Vários deles, como James Taylor, Stevie Wonder e Brandford
Marsalis, acabaram fazendo participações especiais no disco, que,
segundo ele, não era o seu principal objetivo quando começou a
gravar.
"Faço músicas porque gosto,
para me divertir, para passar o
tempo." Só depois, Sting diz ter
decidido fazer as letras e dar início
à gravação do novo álbum.
"Eu vivo de fazer discos. Então,
às vezes, tenho de produzir algum. Há muita pressão sobre um
artista bem-sucedido. Meus músicos têm de sustentar suas famílias, pagar o aluguel. E fazer música é algo delicado. Então é melhor
esquecer as pressões e me limitar
a fazer música."
Por isso, talvez, afirme tocar
mais do que ouve. Quando resolve ouvir música, não é música
pop a sua preferência.
"A maioria das músicas é para
dançar ou fala de coisas que não
fazem parte da minha vida, como
garotas que sofrem por seus namorados. Eu tenho 48 anos", diz
Sting.
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