|
Texto Anterior | Índice
Tradução causa polêmica
da Reportagem Local
A peça "A Rainha da Beleza de
Leenane", de Martin McDonagh,
chega a São Paulo com uma polêmica a respeito de sua tradução.
Segundo os créditos do espetáculo, a tradução é de Adriana Falcão e Tatiana Maciel.
Entretanto, houve uma tradução anterior, que acabou não sendo aproveitada pela produção. E
seus autores, Marilene Felinto e
Marcos Renaux, afirmam que a
versão em cena tem semelhanças
demais com o trabalho que desenvolveram.
"A minha conclusão é que o texto não é o nosso; mudaram várias
coisas, fizeram cortes. Mas tem
coisas que são nossas; isso é evidente. Há mudanças claras, mas
não acredito que tenha sido feita
outra tradução. Transformaram o
texto em outro", diz Marilene Felinto, que é articulista da Folha.
"Isso não é verdade", diz Xuxa
Lopes, que resolveu montar a peça ao assisti-la em Londres, há
três anos.
Segundo ela, Adriana Falcão e
Tatiana Maciel não tiveram acesso à primeira tradução.
"A tradução mesmo coube mais
à Tatiana", diz Adriana Falcão.
"Minha parte foi trabalhar os diálogos. Por opção da Tatiana e da
própria Xuxa, nós não tivemos
acesso à tradução anterior."
"Eu não quis ler para não ficar
na cabeça", diz Tatiana Maciel.
"Deram-me o livro em inglês e eu
traduzi a partir dele."
Para Marcos Renaux, parceiro
de Marilene Felinto na primeira
tradução, "é direito deles mudarem de tradutor".
Xuxa Lopes afirma que a coincidência de frases não é nada extraordinária. "Deve mesmo haver
expressões semelhantes nas duas
versões. Não são obras originais;
são traduções."
Segundo Felinto, "o honesto seria colocar nosso nome como autores de uma primeira versão da
tradução, ou coisa assim".
Xuxa afirma que pensou em colocar isso, mas que achou que estaria protegendo Felinto e Renaux
ao não fazê-lo. "Se eu sou rejeitada para um filme, espero que isso
não apareça nos créditos finais."
Felinto recebeu adiantado pelo
trabalho de tradução, mas Renaux havia acertado uma porcentagem da bilheteria.
Os dois já haviam trabalhado
juntos com Xuxa Lopes ao traduzirem "Mary Stuart" (96), do dramaturgo alemão Friedrich Schiller.
Renaux traduziu ainda outras
duas peças para Xuxa.
Texto Anterior: "Pode até me xingar, mas a mãe, não" Índice
|