São Paulo, Sexta-feira, 08 de Outubro de 1999
Texto Anterior | Índice

Tradução causa polêmica

da Reportagem Local

A peça "A Rainha da Beleza de Leenane", de Martin McDonagh, chega a São Paulo com uma polêmica a respeito de sua tradução.
Segundo os créditos do espetáculo, a tradução é de Adriana Falcão e Tatiana Maciel.
Entretanto, houve uma tradução anterior, que acabou não sendo aproveitada pela produção. E seus autores, Marilene Felinto e Marcos Renaux, afirmam que a versão em cena tem semelhanças demais com o trabalho que desenvolveram.
"A minha conclusão é que o texto não é o nosso; mudaram várias coisas, fizeram cortes. Mas tem coisas que são nossas; isso é evidente. Há mudanças claras, mas não acredito que tenha sido feita outra tradução. Transformaram o texto em outro", diz Marilene Felinto, que é articulista da Folha.
"Isso não é verdade", diz Xuxa Lopes, que resolveu montar a peça ao assisti-la em Londres, há três anos.
Segundo ela, Adriana Falcão e Tatiana Maciel não tiveram acesso à primeira tradução.
"A tradução mesmo coube mais à Tatiana", diz Adriana Falcão. "Minha parte foi trabalhar os diálogos. Por opção da Tatiana e da própria Xuxa, nós não tivemos acesso à tradução anterior."
"Eu não quis ler para não ficar na cabeça", diz Tatiana Maciel. "Deram-me o livro em inglês e eu traduzi a partir dele."
Para Marcos Renaux, parceiro de Marilene Felinto na primeira tradução, "é direito deles mudarem de tradutor".
Xuxa Lopes afirma que a coincidência de frases não é nada extraordinária. "Deve mesmo haver expressões semelhantes nas duas versões. Não são obras originais; são traduções."
Segundo Felinto, "o honesto seria colocar nosso nome como autores de uma primeira versão da tradução, ou coisa assim".
Xuxa afirma que pensou em colocar isso, mas que achou que estaria protegendo Felinto e Renaux ao não fazê-lo. "Se eu sou rejeitada para um filme, espero que isso não apareça nos créditos finais."
Felinto recebeu adiantado pelo trabalho de tradução, mas Renaux havia acertado uma porcentagem da bilheteria.
Os dois já haviam trabalhado juntos com Xuxa Lopes ao traduzirem "Mary Stuart" (96), do dramaturgo alemão Friedrich Schiller.
Renaux traduziu ainda outras duas peças para Xuxa.


Texto Anterior: "Pode até me xingar, mas a mãe, não"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.