São Paulo, terça-feira, 08 de outubro de 2002

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MÚSICA

Sai álbum duplo que mostra o concerto de Londres que encerrou a turnê do "Roots" e marcou a cisão dos Cavalera

CD traz o último show de Max no Sepultura

LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

A enorme legião de fãs da banda mineira Sepultura, um dos maiores nomes do rock (muito) pesado, não deve levar em conta o que diz o baterista Igor Cavalera. Isso se quiser adquirir o recém-lançado CD "Under a Pale Grey Sky", histórico último registro ao vivo do grupo sob o comando do vocalista e guitarrista Max Cavalera.
"O show foi uma bosta", declarou Igor, sem meias-palavras, para definir a apresentação derradeira da formação original do mais famoso nome brasileiro no exterior, quando o assunto é música.
"Under a Pale Grey Sky", CD duplo que está nas lojas, mostra a banda em ação no célebre show do Brixton Academy, em Londres, em 16 de dezembro de 1996.
"Era o último show da terceira fase da turnê. A gente não aguentava mais. Minha filha tinha nascido prematura, estava no hospital. A banda já estava cheia de problemas. Tudo o que eu queria era ir embora para casa", relembra o baterista, irmão de Max.
O grupo terminava, em 1996, o mais bem-sucedido e exaustivo ano de sua carreira. "Roots" foi lançado em fevereiro, vendeu quase 2 milhões de cópias, apareceu entre os top 30 da "Billboard", foi disco de ouro na Polônia, prata na Inglaterra e atingiu os 80 mil álbuns consumidos no Brasil. Estamos falando de uma banda de "death metal".
Ao vivo, o Sepultura correu o mundo por dez meses, tocou no festival de Ozzy Osbourne, foi comparada em grandeza ao Metallica e se apresentou em SP e no Rio para, então, se desmantelar no esgotadíssimo show de Londres.
O que provocou a turbulência na banda, segundo Max Cavalera disse em entrevista no começo de 1997, foi que, após o show e a decisão conjunta de "dar um tempo", Igor, Andreas Kisser (guitarrista) e Paulo Jr. (baixo) entregaram uma carta à americana Gloria, empresária da banda havia sete anos. E mulher de Max. Então o vocalista resolveu sair.
Mas "Under a Pale Grey Sky", o álbum que sai agora, está longe de justificar o adjetivo desprezível dado por Igor. Se você admira a banda, está tudo ali: a barulheira infernal, a energia absurda, o vocal cavernoso de Max.
Traz os hits antigos ("Arise", "Refuse/Resist"), covers clássicas (Chico Science, Titãs) e o melhor do "Roots", o sexto álbum, para o qual a banda foi a Mato Grosso, gravou com índios xavantes e ainda teve a participação da batucada de Carlinhos Brown, sem que o trabalho ficasse prejudicado.
"Under a Pale Grey Sky", além de ser "item de colecionador", tem acuidade sonora muito boa, que garante o barulho de qualidade característico do Sepultura.



UNDER A PALE GREY SKY. Artista: Sepultura. Lançamento: Sum Records. Quanto: R$ 27.


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