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MÚSICA
Sai álbum duplo que mostra o concerto de Londres que encerrou a turnê do "Roots" e marcou a cisão dos Cavalera
CD traz o último show de Max no Sepultura
LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
A enorme legião de fãs da banda
mineira Sepultura, um dos maiores nomes do rock (muito) pesado, não deve levar em conta o que
diz o baterista Igor Cavalera. Isso
se quiser adquirir o recém-lançado CD "Under a Pale Grey Sky",
histórico último registro ao vivo
do grupo sob o comando do vocalista e guitarrista Max Cavalera.
"O show foi uma bosta", declarou Igor, sem meias-palavras, para definir a apresentação derradeira da formação original do
mais famoso nome brasileiro no
exterior, quando o assunto é música.
"Under a Pale Grey Sky", CD
duplo que está nas lojas, mostra a
banda em ação no célebre show
do Brixton Academy, em Londres, em 16 de dezembro de 1996.
"Era o último show da terceira
fase da turnê. A gente não aguentava mais. Minha filha tinha nascido prematura, estava no hospital. A banda já estava cheia de
problemas. Tudo o que eu queria
era ir embora para casa", relembra o baterista, irmão de Max.
O grupo terminava, em 1996, o
mais bem-sucedido e exaustivo
ano de sua carreira. "Roots" foi
lançado em fevereiro, vendeu
quase 2 milhões de cópias, apareceu entre os top 30 da "Billboard",
foi disco de ouro na Polônia, prata
na Inglaterra e atingiu os 80 mil
álbuns consumidos no Brasil. Estamos falando de uma banda de
"death metal".
Ao vivo, o Sepultura correu o
mundo por dez meses, tocou no
festival de Ozzy Osbourne, foi
comparada em grandeza ao Metallica e se apresentou em SP e no
Rio para, então, se desmantelar
no esgotadíssimo show de Londres.
O que provocou a turbulência
na banda, segundo Max Cavalera
disse em entrevista no começo de
1997, foi que, após o show e a decisão conjunta de "dar um tempo",
Igor, Andreas Kisser (guitarrista)
e Paulo Jr. (baixo) entregaram
uma carta à americana Gloria,
empresária da banda havia sete
anos. E mulher de Max. Então o
vocalista resolveu sair.
Mas "Under a Pale Grey Sky", o
álbum que sai agora, está longe de
justificar o adjetivo desprezível
dado por Igor. Se você admira a
banda, está tudo ali: a barulheira
infernal, a energia absurda, o vocal cavernoso de Max.
Traz os hits antigos ("Arise",
"Refuse/Resist"), covers clássicas
(Chico Science, Titãs) e o melhor
do "Roots", o sexto álbum, para o
qual a banda foi a Mato Grosso,
gravou com índios xavantes e ainda teve a participação da batucada
de Carlinhos Brown, sem que o
trabalho ficasse prejudicado.
"Under a Pale Grey Sky", além
de ser "item de colecionador",
tem acuidade sonora muito boa,
que garante o barulho de qualidade característico do Sepultura.
UNDER A PALE GREY SKY. Artista:
Sepultura. Lançamento: Sum Records.
Quanto: R$ 27.
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