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LITERATURA
Décima mulher a vencer o prêmio, austríaca de 57 anos só ganhou projeção com filme "A Professora de Piano"
Nobel coloca Elfriede Jelinek no mapa
DA REPORTAGEM LOCAL
A Academia Sueca inscreveu
ontem um novo e quase desconhecido nome na história da literatura mundial: Elfriede Jelinek.
Confirmando especulações de
que premiaria uma mulher, os 18
senhores que decidem o prêmio
literário de mais prestígio do
mundo escolheram a escritora
austríaca para o Nobel de 2004.
Jelinek, que completa 58 anos
no dia 20, receberá 1,1 milhão
(R$ 3,8 milhões) graças "ao fluxo
musical de vozes e contravozes de
seus romances e peças, que revelam em uma linguagem de extraordinária paixão o absurdo e a
força coercitiva dos clichês sociais" (palavras da Academia).
Autora de mais de 20 livros, de
poemas, prosa e teatro, e tradutora para o alemão de autores como
Thomas Pynchon, a primeira austríaca a ganhar o Nobel de Literatura só tinha conseguido alguma
projeção mundial em 2001, graças
ao filme "A Professora de Piano",
do compatriota Michael Haneke.
A história da pianista (Isabelle
Hupert) perturbada que se envolve com um aluno, que Jelinek narra no romance "A Pianista"
(1988), é autobiográfica.
Ontem, "feliz, mas espantada"
com a notícia, Jelinek declarou
que sofre de "fobia social" e que
não sente que tem "saúde mental"
para comparecer à cerimônia de
entrega do prêmio, marcada para
10 de dezembro, em Estocolmo.
"Tenho medo que o prêmio acabe
com o estilo de vida pacato que
escolhi", declarou à agência Associated Press, de sua casa, em um
vilarejo próximo de Viena.
A trajetória de Jelinek não foi
sempre "pacata". Militante do
Partido Comunista Austríaco por
mais de 15 anos, ela é opositora
ferrenha do Partido da Liberdade,
do líder de extrema direita Jörg
Haider. Em 1999, quando o partido se tornou a segunda força política na Áustria, a escritora proibiu
que fossem encenadas peças de
sua autoria no país. A crítica política marca a obra mais recente de
Jelinek, a peça "Bambiland", do
ano passado, que satiriza a invasão americana do Iraque. Uma seqüência do trabalho, a peça "Babel", havia sido anunciada para
maio de 2005. "Babel" trata das
torturas na prisão de Abu Ghraib
e da mutilação de corpos de americanos em Fallujah", disse. Jelinek, décima mulher a ganhar o
Nobel literário em mais de cem
anos, não tem livros editados no
Brasil.
(CASSIANO ELEK MACHADO)
Com agências internacionais
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