São Paulo, sexta-feira, 08 de outubro de 2004

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Apresentação da banda é como guerrilha sonora

COLUNISTA DA FOLHA

O poderoso Primal Scream de Mani vem corrigir o desvio de rota e despejar em palcos virgens brasileiros o seu portfólio de hits sujos, esse que virou o CD coletânea "Dirty Hits", lançado no Brasil neste ano. A compilação, o melhor dos sete álbuns de estúdio do grupo, é um expressivo juntamento de tudo o que pautou a música pop inglesa desde que Bobby Gillespie resolveu abandonar a lendária banda escocesa Jesus & Mary Chain.
O modo próprio que o Primal Scream tritura rock, punk, blues, som psicodélico, electro e tecno resulta em um show violento, de guerrilha, que mostra que a banda que cantava lá atrás as viagens coloridas de "Higher than the Sun" (Mais "Elevado" que o Sol) deu lugar para sempre ao grupo que vomita ruidosamente palavras de ordem contra hippies, Bush, Tony Blair, em álbuns com nomes nada amigáveis tipo "Xtmntr" (consoantes de exterminator) e "Evil Heat".
A formação de palco tradicional do Primal Scream é o cartão de visita da banda, indicando que vem chumbo grosso pela frente. Uma parede de amplificadores faz a banda ficar espremida, em linha (exceção do baterista e do tecladista), à beira do palco, quase caindo.
O Primal Scream, há tempos, virou supergrupo. Os guitarristas Kevin Shields (My Bloody Valentine) e Steve Jones (Sex Pistols), mais Jim Reid (vocalista do Jesus & Mary Chain), andaram se juntando bastante à banda nos últimos tempos. E há uma chance de pelo menos Kevin Shields acompanhar o grupo na visita ao Brasil.
"Eles fazem parte da história da música pop inglesa e são grandes amigos nossos. Toda vez que eles estão de bobeira, a gente os obriga a tocar com o Primal Scream. O Jim e o Steve eu não vejo há algum tempo. Jim deve estar ocupado arquitetando a volta dos Mary Chain. Mas o Kevin Shields, que tem uma presença mais constante no Primal Scream, deve estar disponível para ir com a gente. Pelo menos foi convidado", afirmou Mani, ele mesmo um já lendário músico, que, antes de embarcar na nave de Bobby Gillespie, fez história no rock inglês, tocando no Stone Roses.
O baixista soltou também que três músicas novas podem ser tocadas aqui. "Suicide Sound", "Shock" e "Punk Song". Assim que acabar a turnê sul-americana (tocam no Chile e na Argentina também), o grupo volta à Inglaterra para lançar o novo álbum. As tais canções novas, a julgar por seus títulos, entregam que a banda camaleônica não vai mudar seu rumo.
Fica a dica: o ingresso para o show do Primal Scream deveria ser vendido junto com um colete e um daqueles tampões de ouvido para "aliviar" o som. O que a PJ Harvey construir o Primal Scream vai destruir logo depois.
(LR)


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