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Apresentação da banda é como guerrilha sonora
COLUNISTA DA FOLHA
O poderoso Primal Scream de
Mani vem corrigir o desvio de rota e despejar em palcos virgens
brasileiros o seu portfólio de hits
sujos, esse que virou o CD coletânea "Dirty Hits", lançado no Brasil neste ano. A compilação, o melhor dos sete álbuns de estúdio do
grupo, é um expressivo juntamento de tudo o que pautou a
música pop inglesa desde que
Bobby Gillespie resolveu abandonar a lendária banda escocesa Jesus & Mary Chain.
O modo próprio que o Primal
Scream tritura rock, punk, blues,
som psicodélico, electro e tecno
resulta em um show violento, de
guerrilha, que mostra que a banda
que cantava lá atrás as viagens coloridas de "Higher than the Sun"
(Mais "Elevado" que o Sol) deu lugar para sempre ao grupo que vomita ruidosamente palavras de
ordem contra hippies, Bush, Tony
Blair, em álbuns com nomes nada
amigáveis tipo "Xtmntr" (consoantes de exterminator) e "Evil
Heat".
A formação de palco tradicional
do Primal Scream é o cartão de visita da banda, indicando que vem
chumbo grosso pela frente. Uma
parede de amplificadores faz a
banda ficar espremida, em linha
(exceção do baterista e do tecladista), à beira do palco, quase
caindo.
O Primal Scream, há tempos, virou supergrupo. Os guitarristas
Kevin Shields (My Bloody Valentine) e Steve Jones (Sex Pistols),
mais Jim Reid (vocalista do Jesus
& Mary Chain), andaram se juntando bastante à banda nos últimos tempos. E há uma chance de
pelo menos Kevin Shields acompanhar o grupo na visita ao Brasil.
"Eles fazem parte da história da
música pop inglesa e são grandes
amigos nossos. Toda vez que eles
estão de bobeira, a gente os obriga
a tocar com o Primal Scream. O
Jim e o Steve eu não vejo há algum
tempo. Jim deve estar ocupado
arquitetando a volta dos Mary
Chain. Mas o Kevin Shields, que
tem uma presença mais constante
no Primal Scream, deve estar disponível para ir com a gente. Pelo
menos foi convidado", afirmou
Mani, ele mesmo um já lendário
músico, que, antes de embarcar
na nave de Bobby Gillespie, fez
história no rock inglês, tocando
no Stone Roses.
O baixista soltou também que
três músicas novas podem ser tocadas aqui. "Suicide Sound",
"Shock" e "Punk Song". Assim
que acabar a turnê sul-americana
(tocam no Chile e na Argentina
também), o grupo volta à Inglaterra para lançar o novo álbum.
As tais canções novas, a julgar por
seus títulos, entregam que a banda camaleônica não vai mudar
seu rumo.
Fica a dica: o ingresso para o
show do Primal Scream deveria
ser vendido junto com um colete
e um daqueles tampões de ouvido
para "aliviar" o som. O que a PJ
Harvey construir o Primal
Scream vai destruir logo depois.
(LR)
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