São Paulo, sexta-feira, 08 de outubro de 2004

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MÚSICA

Grupo britânico, que já passou por várias facetas musicais, é das principais atrações do Tim Festival, em novembro

Show do Primal Scream será "rock-eletrônico"

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

Demorô. Foi preciso o Primal Scream atravessar duas fases rock, uma indie-dance, uma psicodélica, uma britpop e descambar para o punk eletrônico para a banda ter sua vinda ao Brasil finalmente confirmada.
O grupo que nasceu escocês em 1986 e desde sempre é nome de ponta seja qual for a valsa dançada pela juventude, é celebrada atração do Tim Festival, que acontece em novembro no Jockey Clube, em São Paulo. O Primal Scream toca no dia 6, precedido pela cantora PJ Harvey. A banda de Bobby Gillespie se apresenta também no dia 8, no Rio.
Esta seria a segunda visita do Primal Scream ao Brasil, se o grupo não fosse esnobado quando excursionou pela América do Sul em 1998, oferecido para tocar em eventos da marca de jeans Levi's. "Não quisemos. Se oferecessem a Daniela Mercury poderíamos ter aceitado" disse à época a assessoria de imprensa da Levi's Brasil. A chilena e a argentina quiseram.
O baixista Mani, do Primal Scream, conversou com a Folha por telefone, de Manchester.
 

Mani - Enquanto esperava sua ligação, estava aqui em casa, em Manchester, olhando pela janela a chuva besta cair, o frio pesado chegar. E pensava: "Agora é uma boa hora de ir ao Brasil".

Folha - Desta vez podemos contar com uma visita do Primal Scream?
Mani -
Certeza. Nada vai nos impedir de tocar aí. Ficamos muito frustrados quando o Brasil foi abortado da turnê que fizemos pela América do Sul em 1998. Eu e o Bob (Bobby Gillespie, vocalista) tínhamos até incluído assistir a uma partida de futebol em nossa lista de exigências.

Folha - E por que a banda não veio daquela vez? O show chegou até a ser anunciado em jornais.
Mani -
Não sei a razão até hoje. Saímos daqui para tocar na Argentina, Chile e Brasil. Durante a turnê fomos avisados que não íamos nos apresentar no Brasil.

Folha - Descreva um show do Primal Scream para um público que nunca viu a banda ao vivo.
Mani -
Tocamos o mais alto, rápido e energético que podemos. Somos muito velhos para fazer shows convencionais, com momentos calmos, sets elaborados e partes acústicas. Da primeira à última música, a energia que a gente descarrega no palco é absurda. E pode apostar. Quando acontece uma sinergia do nosso som com uma resposta positiva do público, a eletricidade produzida parece capaz de iluminar uma cidade.

Folha - Um CD novo está nos planos, para um futuro imediato?
Mani -
Sim. Já temos algumas boas canções prontas. A idéia é lançar o disco em março ou abril de 2005. Excursionamos muito nestes últimos anos e não tivemos tempo para pensar em canções novas. Mas assim que acabarmos esta turnê pela América do Sul vamos nos fechar no estúdio e só sair de lá com o disco pronto. Acho que tocaremos uma ou duas músicas novas em São Paulo.

Folha - Pelo que você sentiu das canções novas, qual vai ser a cara do novo disco?
Mani -
Vai ter a mesma pegada de electronic-rock que pautou nossos últimos álbuns. Algumas baladas nervosas, no meio. Mas sempre com algumas experimentações sonoras inseridas, para nos levar a caminhos novos. Três delas, "Suicide Sound", "Shock" e "Punk Song", são assim. Seria muito tedioso apenas repetir fórmulas já usadas por nós mesmos. A música está sempre mudando de alguma forma, e o Primal Scream sempre muda com ela.

Folha - Embora o Stone Roses tenha acabado faz tempo, sua ex-banda sempre acaba sendo evocada de alguma forma na Inglaterra. Você sente falta do Stone Roses?
Mani -
Tenho muito orgulho em ter tocado numa banda como o Stone Roses. Lembro que era tudo muito intenso. Não tínhamos o controle de nada. Sinto falta, sim, mas o Primal Scream não me dá tempo de ficar pensando no passado. Ainda sou amigo do Ian Brown [o ex-vocalista dos Roses] e o disco novo dele é ótimo.


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