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MÚSICA
Grupo britânico, que já passou por várias facetas musicais, é das principais atrações do Tim Festival, em novembro
Show do Primal Scream será "rock-eletrônico"
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
Demorô. Foi preciso o Primal
Scream atravessar duas fases
rock, uma indie-dance, uma psicodélica, uma britpop e descambar para o punk eletrônico para a
banda ter sua vinda ao Brasil finalmente confirmada.
O grupo que nasceu escocês em
1986 e desde sempre é nome de
ponta seja qual for a valsa dançada pela juventude, é celebrada
atração do Tim Festival, que
acontece em novembro no Jockey
Clube, em São Paulo. O Primal
Scream toca no dia 6, precedido
pela cantora PJ Harvey. A banda
de Bobby Gillespie se apresenta
também no dia 8, no Rio.
Esta seria a segunda visita do
Primal Scream ao Brasil, se o grupo não fosse esnobado quando
excursionou pela América do Sul
em 1998, oferecido para tocar em
eventos da marca de jeans Levi's.
"Não quisemos. Se oferecessem a
Daniela Mercury poderíamos ter
aceitado" disse à época a assessoria de imprensa da Levi's Brasil. A
chilena e a argentina quiseram.
O baixista Mani, do Primal
Scream, conversou com a Folha
por telefone, de Manchester.
Mani - Enquanto esperava sua ligação, estava aqui em casa, em
Manchester, olhando pela janela a
chuva besta cair, o frio pesado
chegar. E pensava: "Agora é uma
boa hora de ir ao Brasil".
Folha - Desta vez podemos contar
com uma visita do Primal Scream?
Mani - Certeza. Nada vai nos impedir de tocar aí. Ficamos muito
frustrados quando o Brasil foi
abortado da turnê que fizemos
pela América do Sul em 1998. Eu e
o Bob (Bobby Gillespie, vocalista)
tínhamos até incluído assistir a
uma partida de futebol em nossa
lista de exigências.
Folha - E por que a banda não
veio daquela vez? O show chegou
até a ser anunciado em jornais.
Mani - Não sei a razão até hoje.
Saímos daqui para tocar na Argentina, Chile e Brasil. Durante a
turnê fomos avisados que não íamos nos apresentar no Brasil.
Folha - Descreva um show do Primal Scream para um público que
nunca viu a banda ao vivo.
Mani - Tocamos o mais alto, rápido e energético que podemos.
Somos muito velhos para fazer
shows convencionais, com momentos calmos, sets elaborados e
partes acústicas. Da primeira à última música, a energia que a gente
descarrega no palco é absurda. E
pode apostar. Quando acontece
uma sinergia do nosso som com
uma resposta positiva do público,
a eletricidade produzida parece
capaz de iluminar uma cidade.
Folha - Um CD novo está nos planos, para um futuro imediato?
Mani - Sim. Já temos algumas
boas canções prontas. A idéia é
lançar o disco em março ou abril
de 2005. Excursionamos muito
nestes últimos anos e não tivemos
tempo para pensar em canções
novas. Mas assim que acabarmos
esta turnê pela América do Sul vamos nos fechar no estúdio e só
sair de lá com o disco pronto.
Acho que tocaremos uma ou duas
músicas novas em São Paulo.
Folha - Pelo que você sentiu das
canções novas, qual vai ser a cara
do novo disco?
Mani - Vai ter a mesma pegada
de electronic-rock que pautou
nossos últimos álbuns. Algumas
baladas nervosas, no meio. Mas
sempre com algumas experimentações sonoras inseridas, para nos
levar a caminhos novos. Três delas, "Suicide Sound", "Shock" e
"Punk Song", são assim. Seria
muito tedioso apenas repetir fórmulas já usadas por nós mesmos.
A música está sempre mudando
de alguma forma, e o Primal
Scream sempre muda com ela.
Folha - Embora o Stone Roses tenha acabado faz tempo, sua ex-banda sempre acaba sendo evocada de alguma forma na Inglaterra.
Você sente falta do Stone Roses?
Mani - Tenho muito orgulho em
ter tocado numa banda como o
Stone Roses. Lembro que era tudo
muito intenso. Não tínhamos o
controle de nada. Sinto falta, sim,
mas o Primal Scream não me dá
tempo de ficar pensando no passado. Ainda sou amigo do Ian
Brown [o ex-vocalista dos Roses]
e o disco novo dele é ótimo.
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