São Paulo, sábado, 08 de outubro de 2005

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PATRIMÔNIO

Projeto de Niemeyer, espaço no parque paulistano tem boa acústica e visão total de qualquer uma das 800 poltronas

Novo auditório do Ibirapuera passa em 1º teste

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Cinco décadas depois de ser projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o auditório do parque Ibirapuera foi enfim devidamente inaugurado, anteontem, em São Paulo. A polêmica que marcou a construção dessa obra, nos últimos dois anos, aumentou a expectativa. Valeu a pena?
A noite de estréia, reservada a autoridades e convidados, deixou uma primeira impressão positiva. O concerto do pianista Marcelo Bratke com o percussionista Naná Vasconcelos e o quarteto Morro da Conceição (que será reapresentado hoje, com venda de ingressos) foi valorizado pelas instalações e recursos técnicos do auditório.
O formato pouco convencional da sala de espetáculo chama a atenção de imediato. Com uma imensa boca de cena de 28 metros, o palco provoca uma sensação de amplidão. Construída em declive e disposta em fileiras relativamente curtas, de apenas 16 poltronas, a platéia tem uma disposição mais horizontal.
As 800 poltronas são confortáveis e oferecem boa visão de qualquer ponto da sala de espetáculo. Portadores de necessidades especiais têm acesso facilitado diretamente à platéia por meio de rampas adequadas.
O tratamento acústico da sala também se mostrou positivo. Mesmo em pontos extremos da platéia ouvia-se com clareza e volume adequados os sons do piano e dos diversos instrumentos tocados pelos cinco percussionistas.
Claro que essa impressão favorável ainda precisa ser confirmada em outros contextos instrumentais. Não é qualquer palco que consegue, por exemplo, transmitir as sutilezas dos diversos timbres de uma orquestra sinfônica. Portanto, o definitivo teste acústico da sala só deverá acontecer no final do mês, quando vai se apresentar ali a Sinfônica de Bamberg.
Já o recurso mais inusitado do auditório poderá ser conferido neste domingo pelos freqüentadores do parque Ibirapuera, em nova exibição de Bratke, Vasconcelos e Morro da Conceição -desta vez gratuita.
Uma porta-guilhotina de 20 metros, instalada atrás do palco do auditório, permite utilizá-lo também para a realização de concertos ao ar livre para até 15 mil pessoas.
A programação anunciada para as próximas semanas indica que o Auditório Ibirapuera pretende exibir tanto atrações de música erudita como de música popular. No próximo fim de semana apresenta a Banda Ouro Negro, formada para interpretar a obra do maestro e compositor pernambucano Moacir Santos. Radicado há décadas nos EUA, ele também participa dos shows.
De 21 a 23 deste mês o auditório vai exibir a programação de jazz do Tim Festival. Já de 28 a 30, a atração é o show "Primórdios", da cantora carioca Marina Lima. Na manhã do mesmo dia 30 apresenta-se a de Sinfônica de Bamberg.


Carlos Calado é crítico de música e autor de "Tropicália - A História de uma Revolução Musical", entre outros livros

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