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PATRIMÔNIO
Projeto de Niemeyer, espaço no parque paulistano tem boa acústica e visão total de qualquer uma das 800 poltronas
Novo auditório do Ibirapuera passa em 1º teste
CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Cinco décadas depois de ser
projetado pelo arquiteto Oscar
Niemeyer, o auditório do parque
Ibirapuera foi enfim devidamente
inaugurado, anteontem, em São
Paulo. A polêmica que marcou a
construção dessa obra, nos últimos dois anos, aumentou a expectativa. Valeu a pena?
A noite de estréia, reservada a
autoridades e convidados, deixou
uma primeira impressão positiva.
O concerto do pianista Marcelo
Bratke com o percussionista Naná Vasconcelos e o quarteto Morro da Conceição (que será reapresentado hoje, com venda de ingressos) foi valorizado pelas instalações e recursos técnicos do auditório.
O formato pouco convencional
da sala de espetáculo chama a
atenção de imediato. Com uma
imensa boca de cena de 28 metros, o palco provoca uma sensação de amplidão. Construída em
declive e disposta em fileiras relativamente curtas, de apenas 16
poltronas, a platéia tem uma disposição mais horizontal.
As 800 poltronas são confortáveis e oferecem boa visão de qualquer ponto da sala de espetáculo.
Portadores de necessidades especiais têm acesso facilitado diretamente à platéia por meio de rampas adequadas.
O tratamento acústico da sala
também se mostrou positivo.
Mesmo em pontos extremos da
platéia ouvia-se com clareza e volume adequados os sons do piano
e dos diversos instrumentos tocados pelos cinco percussionistas.
Claro que essa impressão favorável ainda precisa ser confirmada em outros contextos instrumentais. Não é qualquer palco
que consegue, por exemplo,
transmitir as sutilezas dos diversos timbres de uma orquestra sinfônica. Portanto, o definitivo teste
acústico da sala só deverá acontecer no final do mês, quando vai se
apresentar ali a Sinfônica de Bamberg.
Já o recurso mais inusitado do
auditório poderá ser conferido
neste domingo pelos freqüentadores do parque Ibirapuera, em
nova exibição de Bratke, Vasconcelos e Morro da Conceição
-desta vez gratuita.
Uma porta-guilhotina de 20
metros, instalada atrás do palco
do auditório, permite utilizá-lo
também para a realização de concertos ao ar livre para até 15 mil
pessoas.
A programação anunciada para
as próximas semanas indica que o
Auditório Ibirapuera pretende
exibir tanto atrações de música
erudita como de música popular.
No próximo fim de semana apresenta a Banda Ouro Negro, formada para interpretar a obra do
maestro e compositor pernambucano Moacir Santos. Radicado há
décadas nos EUA, ele também
participa dos shows.
De 21 a 23 deste mês o auditório
vai exibir a programação de jazz
do Tim Festival. Já de 28 a 30, a
atração é o show "Primórdios", da
cantora carioca Marina Lima. Na
manhã do mesmo dia 30 apresenta-se a de Sinfônica de Bamberg.
Carlos Calado é crítico de música e autor de "Tropicália - A História de uma Revolução Musical", entre outros livros
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