São Paulo, sábado, 08 de outubro de 2011 |
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CRÍTICA/MODA Livro mostra o estilo único e incomparável de Diana Vreeland DANUZA LEÃO COLUNISTA DA FOLHA O livro "Glamour", de Diana Vreeland (1903-1989), é fundamental para os que gostam de moda, para os que trabalham com moda, para os que acham a moda importante -e também para os que não acham. E o prefácio, de Marc Jacobs, é sensacional. Diana foi a pessoa que mais entendeu do assunto no mundo. Ela levava a moda a sério e, com seu bom gosto extraordinário, já começou ensinando -através dela mesma- que a beleza não é fundamental; ela era uma mulher feia, mas disso ninguém nem se lembra. Nesse livro, que basicamente reúne suas fotos prediletas, dá para conhecer um pouco do seu estilo, único e incomparável. Ela achava que um rosto excêntrico e pouco convencional podia ser mais glamouroso e instigante do que a beleza tradicional -para ela, um tédio- e via, na falha e na imperfeição, a verdadeira beleza, indo na contramão das ideias em voga. Não por acaso, Diana foi editora das revistas mais importantes da moda, "Harper's Bazaar" e "Vogue", que, sob sua direção, passaram a ser ela própria. Segundo o fotógrafo Richard Avedon -descoberta sua e considerado o maior do mundo-, ela foi o único gênio nessa missão. Diana vislumbrava a beleza antes dos outros e sentia as tendências antes de elas terem chegado. Para ela, a moda vinha em primeiríssimo lugar, e é dela a frase "Mas há alguma coisa além da moda?". Tinha um instinto extraordinário e buscava, sempre, a perfeição extrema. Ela queria ser sempre arrebatada; menos que isso, Diana achava comum -o pior que podia existir. Para ela, o vulgar podia até ser interessante, mas o comum, jamais. Era fascinada pelo absurdo, o luxo e o esnobismo das revistas de moda e dizia não haver motivo para temer o luxo, o esnobismo, o absurdo. E só ela para dizer que a cantora lírica Maria Callas "era de uma vulgaridade atroz" e "que não fazia ideia de que uma pessoa tão 'ordinaire' podia saber usar garfo e faca". "Ah, splendeur, que falta isso nos faz", é uma das frases maravilhosas de Diana. Mais uma: "Não há nada mais aborrecido do que o narcisismo, a tragédia de ser apenas... eu". Outra: "Odeio o narcisismo, mas vejo com bons olhos a vaidade". E mais uma, absolutamente maravilhosa: "Um nariz desprovido de força é um espetáculo lamentável. Se você nasce com um nariz pequeno demais, a única coisa que lhe resta a fazer é aumentá-lo". E sustenta que as coisas mais lindas do mundo são as gôndolas e os jeans. Esse livro, feito com a colaboração de Christopher Hemphill, é mais de fotos, mas com algumas legendas e textos maravilhosos e algumas histórias. Ela conta o episódio em que Irving Penn -um fotógrafo de moda famoso e que não suportava as modelos- lhe disse: "Dá para essas meninas vestirem alguma coisa, pelo menos entre as sessões? Estou cansado de vê-las peladas, correndo de um lado para o outro". Eu deveria ter falado mais sobre esse esplêndido livro, mas foi difícil, só dá vontade de contar o que diz Diana. Ao dar uma entrevista sobre moda, já no final da vida, ela diz: "Nós já percorremos um longo caminho, meu amor; seria melhor que deixássemos de lado toda essa bobagem e ficássemos em casa lendo Proust". Não dá para não ler, e não dá para não se apaixonar por essa incrível mulher: Diana Vreeland. GLAMOUR AUTORA Diana Vreeland EDITORA Cosac Naify TRADUÇÃO Cláudio Marcondes QUANTO R$ 79 (208 págs.) AVALIAÇÃO ótimo Texto Anterior: Crítica/ Romance: "O Grande Gatsby" cria retrato amargo do sonho americano Próximo Texto: Ex-muçulmana diz que islã encoraja a prática da violência Índice | Comunicar Erros |
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