São Paulo, quinta, 8 de outubro de 1998

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ARTES PLÁSTICAS

Bienal volta depois da tempestade

Matuiti Mayeso/Folha Imagem
Vista da sala climatizada no Pavilhão da Bienal, ainda com obras cobertas por plásticos ou fora de seus lugares; evento reabre hoje ao público


CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local

O público brasileiro -e aquele estrangeiro que resistiu a quatro dias de espera- poderá finalmente ver a 24ª edição da Bienal de São Paulo.
O pavilhão no parque Ibirapuera reabre hoje, depois de passar por uma recauchutagem que pretendeu limpar o pavilhão dos estragos cometidos pelo temporal do último sábado e evitar que a imagem do evento ficasse suja aqui e lá fora.
Na manhã de ontem, durante a visita à sala climatizada, ainda era possível ver os sinais da operação de salvamento das obras. Muitas delas ainda estavam cobertas por plásticos, outras estavam fora de suas salas e os sinais de infiltração eram evidentes no teto do edifício. "O espaço tinha muitos pontos de goteira. Em um lugar que não pode ter nenhum, cinco já é demais", disse a museóloga Margareth de Moraes, que comandou a operação na noite de sábado.
A sala conserva as obras dos artistas mais importantes do evento, como Francis Bacon, Van Gogh, Magritte, Siqueiros, Reverón, Louise Bourgeois e outros.
"Algumas paredes tiveram que ser deslocadas inteiras, pois algumas obras menores possuem parafusos de segurança e não podem ser removidas, como os desenhos do Louvre", disse a museóloga, que garantiu não ter colocado as obras em risco com a pressa da operação. "Foi uma operação rápida, mas cuidadosa e articulada."
Julio Landmann, presidente da Bienal, não sabe se o incidente prejudicará a imagem da Bienal e do país. "Só o tempo vai dizer, mas quem estava na cidade viu que nunca houve irresponsabilidade da Bienal", disse. Sobre ter proibido a entrada dos meios de comunicação no espaço por três dias, afirmou: "As pessoas querem fotografar as goteiras, mas não as obras que saíram preservadas".
O diretor-executivo Marcos Weinstock e Landmann disseram não saber quanto custaram as reformas, que elevaram ainda mais o custo do evento, que já era de cerca de US$ 12 milhões. "Não pensamos nos gastos. A ordem foi recolocar a Bienal em funcionamento", disse Weinstock. "Essa interrupção serviu para darmos retoques no espaço que não haviam sido feitos devido aos prazos estrangulados com que trabalhamos".
O pavilhão esteve fechado desde a noite de sábado devido à forte chuva de granizo que caiu sobre a cidade e que danificou o telhado e quebrou várias vidraças.
Segundo a diretoria da Bienal, apenas os vidros protetores de algumas fotografias da norte-americana Sherrie Levine foram quebrados. Dispostos sobre o chão, os desenhos em carvão sobre madeira da dupla Allora e Calzadilla, de Porto Rico, também foram danificados pela água e tiveram que ser recuperados pelos artistas.


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