São Paulo, quarta-feira, 08 de novembro de 2000 |
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Arqueologia do rock
LOU REED CANTA POESIA DAS METRÓPOLES EM SÃO PAULO
SYLVIA COLOMBO EDITORA-ADJUNTA DA ILUSTRADA Por que ouvir mais uma vez a voz serena e rouca de Lou Reed, celebrizada há mais de 30 anos? Por que acompanhar de novo os acordes repetitivos, quase monótonos, de muitas de suas antológicas canções? Por que a sua postura, tão transformadora nos anos 60 e 70, ainda incomoda? As respostas podem não estar em seu mais recente, e pouco inspirado, álbum ("Ecstasy", lançado aqui neste ano pela Warner). Mas podem ser encontradas em suas letras, luminosas e atuais; em seus personagens, figuras que representam um submundo que continua vivo nas ruas sujas das grandes cidades; em seu questionamento sobre o tempo -esse, sim, seu principal assunto. Lou Reed, que revolucionou o rock com o Velvet Underground no fim dos anos 60 e consolidou uma postura ao mesmo tempo contemplativa e ácida nos 70 e 80, está de volta para uma apresentação única em São Paulo, no dia 14 de novembro, no Credicard Hall. E, por mais que já se tenha visto esse filme, sua mensagem ainda merece ser ouvida novamente. Em entrevista à Folha, sem disfarçar seu aborrecimento por ter de atender jornalistas, Lou Reed catimbou, jogou as perguntas de volta e ainda fantasiou, para ganhar tempo, que alguém estaria interceptando a ligação. Leia abaixo os principais trechos da entrevista, por telefone, de Buenos Aires, onde faz apresentações antes de vir ao Brasil. Folha - Você é um poeta do submundo das grandes cidades, e Nova York é sua maior fonte de inspiração. Qual é sua opinião sobre as
grandes cidades latino-americanas
que conheceu, como Buenos Aires,
Rio de Janeiro e São Paulo? Folha - Há uma música ("Modern
Dance") em seu novo CD em que
você fala de vários lugares ao redor
do mundo. Nova York te cansou? Folha - Isso o quê? Folha - Não ouço nada, desculpe.
Podemos prosseguir? Folha - Estou em São Paulo. Folha - Não é muito fácil explicar,
mas qual sua opinião sobre o que
leu a respeito de São Paulo? Folha - Você disse que gostaria de
visitar museus aqui. Está interessado na cultura brasileira? Folha - Não há mais ninguém. Você ouviu algo? Folha - Não, não ouvi nada. Deixa
eu fazer outra pergunta? Folha - Estávamos falando sobre
sua visita a museus no Brasil. O que
você quer ver? Folha - Eu nasci no ano em que
você lançou "Transformer" (1972),
e sua música ainda é atual e influente. Você algum dia imaginou
que sua obra fosse ter tal dimensão, que você ainda seria entrevistado sobre ela tanto tempo depois? Folha - Qual é o seu melhor álbum? Folha - Na última vez em que tocou em São Paulo, em 96, você fez
dois shows diferentes. Um mais intimista e outro mais dançante. Como vai ser desta vez? Folha - Músicas antigas costumam ganhar um tratamento novo
quando você as interpreta ao vivo.
Isso vai acontecer de novo? Folha - No álbum "Set the Twilight Reeling", você gravou uma
belíssima canção ("The Finish Line") em homenagem ao guitarrista
Sterling Morrison (um dos fundadores do Velvet, morto em 94). Era
também uma música sobre o tempo. Você pensa constantemente sobre o tempo e sobre o fim? |
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