São Paulo, quarta-feira, 08 de novembro de 2000 |
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TEATRO Recitais com textos seu e do pai, Plínio Marcos, inauguram espaço em SP Leo Lama apresenta face musical em dois espetáculos
VALMIR SANTOS DA REPORTAGEM LOCAL Leo Lama costumava acompanhar Plínio Marcos (1935-99) em suas andanças pelas universidades do país. O pai levava o filho para entreter a platéia cantando e tocando violão, como uma extensão das suas "palestras". "Ele sempre quis que eu fosse músico, mas nunca investi tanto quanto poderia", afirma Lama, 36. O espírito desses encontros está presente em dois espetáculos, ambos recitais (sem a estrutura de textos dramatúrgicos), que Lama escolheu para inaugurar o Espaço Galeria, mais um palco alternativo em São Paulo, com a sua Companhia Solitária. Em "Prisioneiro de uma Canção", que estréia amanhã, Lama desenvolveu roteiro e música a partir de textos, poemas e letras de Plínio, a maioria inéditos. O dramaturgo surge em cena por meio do personagem Bobo Plin, apelido do palhaço que interpretava na juventude. Há citações que vêm desde o início da carreira até o final da década de 80. É o caso da voz em off que Plínio gravou no disco "Histórias das Quebradas do Mundaréu", na década de 60 (fora de catálogo), ao lado de sambistas. "Prisioneiro" é um legado do dramaturgo para o que entendia ser o verdadeiro ofício do artista, aquele que não sucumbe ao sistema e se ampara numa ética pessoal. É o que expõe, por exemplo, em "O Ator", "O Ideal" e "As Visões", sempre em simbiose com a realidade social. Em "O Beijo da Última Hora", que estréia na sexta-feira, Lama recorre à metáfora da desilusão amorosa (a crônica de um artista em busca de sua musa) para refletir sua própria decepção com a arte atual, em particular o teatro. "Há uma crise do que dizer, está tudo muito igual. Não que seja importante a novidade, mas a gente acaba sendo condescendente para gostar do que está se passando nos palcos." O tom apocalíptico não é desproposital. "Eu acredito muito nessa coisa terminal, do fim de uma era que possa resgatar o caminho das coisas essenciais." Daí a opção pelo formato recital. A "limpeza cênica" em favor do ambiente de um sarau, com os atores sentados em círculo. "É como se fossem trovadores medievais, cantando cantigas de amor", afirma. Em tempo: a musa que rejeita o artista em "O Beijo da Última Hora" o faz porque o sujeito não é famoso, como manda a convenção midiática. Peça: Prisioneiro de uma Canção Texto: Plínio Marcos Direção: Leo Lama Com: Companhia Solitária (Luciana Azevedo, Marcello Airoldi, Vany Alves, Patrícia Vanzolini, Lilian de Lima, Ricardo Neves e Eugênio La Salvia) Quando: estréia amanhã, às 21h; sempre às quintas, às 21h Onde: Espaço Galeria (r. Cônego Eugênio Leite, 1.152, Pinheiros, tel. 0/xx/11/ 3412-6623) Quanto: R$ 20 Peça: O Beijo da Última Hora Texto e direção: Leo Lama Com: Companhia Solitária Quando: estréia sex. (10/11), às 21h; sex. e sáb., às 21h; dom., às 19h Onde: Espaço Galeria Quanto: R$ 20 Texto Anterior: Seleção: Museu da Casa Brasileira premia design Próximo Texto: Mostra revê obra multifacetada de Plínio Marcos Índice |
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